Durante o discurso de abertura da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao negacionismo, às guerras e ao papel dos algoritmos na disseminação de desinformação.
“Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não apenas as evidências científicas, mas também os avanços do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Atacam as instituições, a ciência e as universidades”, afirmou o presidente, destacando que o encontro representa “um novo momento para impor derrota aos negacionistas”.
Lula também lamentou a ausência de líderes mundiais na conferência e comparou o investimento em guerras ao que seria necessário para enfrentar a crise climática. “Se os homens que fazem guerra estivessem aqui, perceberiam que é muito mais barato investir US$ 1,3 trilhão para resolver um problema que mata, do que gastar US$ 2,7 trilhões com conflitos, como ocorreu no ano passado”, disse.
O presidente mencionou o ciclone que atingiu o Paraná, causando seis mortes, como exemplo da urgência de políticas de adaptação climática. Ele reforçou a importância da demarcação de terras indígenas e voltou a pedir um “mapa do caminho” para o fim da dependência global do petróleo.
“Precisamos de planos concretos para que a humanidade, de forma justa e planejada, supere os combustíveis fósseis, reverta o desmatamento e mobilize recursos para isso”, declarou.
Lula também defendeu a escolha de Belém como sede da COP30 — decisão que gerou críticas dentro e fora do governo — e destacou o simbolismo de realizar o evento na Amazônia. “Seria mais fácil fazer a COP em uma cidade pronta, sem problemas. Mas escolhemos o desafio de realizá-la no coração da Amazônia para provar que, com vontade política e compromisso com a verdade, nada é impossível”, afirmou.
Em tom descontraído, o presidente exaltou o povo e a culinária paraense. “Aproveitem a alegria, o charme e o carinho do povo de Belém. E, por favor, não deixem de provar a maniçoba”, brincou.
Lula também recordou a Rio-92, conferência que deu origem às COPs, dizendo que o evento “retorna à sua terra natal para reencontrar o entusiasmo e o engajamento de sua origem”.
A COP30, que começou oficialmente nesta segunda-feira (10) e segue até o dia 21, reúne diplomatas, chefes de Estado e representantes da sociedade civil. Entre os principais temas estão o financiamento para países em desenvolvimento se descarbonizarem e a adaptação a eventos climáticos extremos.
Nesta edição, a presidência brasileira busca avançar em mecanismos chamados de “gatilhos positivos” — estratégias capazes de gerar efeitos em cadeia e acelerar a transição global para uma economia sustentável.













