A queda de um avião de pequeno porte no último domingo (14), na Zona Rural de Coruripe, Litoral Sul de Alagoas, segue repercutindo tanto no Brasil quanto no exterior. O acidente resultou na morte de Timothy James Clark, um cidadão australiano de 46 anos, e levantou suspeitas sobre um possível esquema de tráfico internacional de drogas, além de uma reviravolta surpreendente para a família do piloto, conforme reportagem do jornal britânico Daily Mail divulgada na terça-feira (16).
Surpreendentemente, o pai de Timothy, Ray Clark, que mora na região de Melbourne, Austrália, foi informado da morte do filho através da reportagem do Daily Mail, que o procurou para confirmar a identidade da vítima. Em estado de choque, Ray afirmou acreditar que Timothy estava vivo e residia na África do Sul.
“Tenho um filho chamado Tim, mas ele está na África do Sul. Ele tem licença de piloto, mas não voa. Ele só tem licença de aprendiz”, declarou Ray à reportagem, visivelmente perplexo. “Eu não sabia de nada. Imaginei que as autoridades me informariam. Provavelmente há muitos Tim Clarks por aí”, completou o pai.
A confirmação da identidade de Timothy veio por meio de documentos encontrados nos destroços do avião, entre eles uma carteira de motorista australiana com o endereço do pai, além de cartões de clubes da África do Sul.
Conforme informações da Polícia Militar, o acidente aconteceu por volta das 13h30 do domingo. No interior da aeronave foram localizados cerca de 200 quilos de cocaína, além de alimentos importados e equipamentos improvisados para reabastecimento em voo, o que indica que o avião estava preparado para longas viagens sem escalas.
Os pacotes de drogas estavam embalados com o selo “SpaceX”, nome da empresa de foguetes do bilionário Elon Musk, sugerindo o uso de uma marca específica por traficantes para identificar a carga.
A aeronave envolvida no acidente era um modelo Sling 4, registrado inicialmente na África do Sul em janeiro de 2023, tendo seu registro transferido posteriormente para a Zâmbia. Há relatos e fotografias que indicam que o avião já havia sido visto no Brasil em 2023, cerca de 400 quilômetros ao norte do local da queda.
No meio financeiro australiano, Timothy Clark era conhecido por sua atuação como diretor e secretário de diversas empresas de investimento, algumas ainda ativas, como Stock Assist Group Pty Ltd e Bluenergy Asia Pty Ltd.
O Departamento de Relações Exteriores e Comércio da Austrália confirmou que está ciente da morte de um cidadão australiano em território brasileiro. Segundo nota oficial, a embaixada australiana em Brasília mantém contato com as autoridades locais, embora não tenha informado se a família do piloto já foi oficialmente notificada.
A Polícia Federal conduz as investigações como um caso de tráfico internacional de drogas. Até o momento, a origem e o destino do voo não foram confirmados, e não há registro de plano de voo junto às autoridades brasileiras.