Diante da ameaça feita pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa adicional de 10% a nações que se alinhem às políticas do Brics, a palavra de ordem no Itamaraty é clara: cautela. O Ministério das Relações Exteriores avalia que qualquer reação precipitada pode ser mais prejudicial do que benéfica, e prefere observar os desdobramentos antes de tomar posição.
“No Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), a ordem é de cautela, neste primeiro momento, em relação às ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, de taxar em 10% quem se alinhar às políticas do Brics”, revelou uma fonte da diplomacia brasileira. A avaliação interna é de que a ameaça não foi dirigida exclusivamente ao Brasil, mas a todos os integrantes do bloco, o que exige articulação conjunta. “Então, cabe trocar uma ideia e deixar decantar um pouco esse movimento”, completou o diplomata.
Trump anunciou no domingo (6), em sua rede Truth Social, que pretende sobretaxar qualquer país que apoiar políticas que ele classificou como “antiamericanas” do Brics. Ele não detalhou quais medidas ou quais países seriam atingidos, mas garantiu que “não haverá exceções a essa política”.
No mesmo dia, o Brics divulgou a “Declaração do Rio de Janeiro”, em que defende o fortalecimento de instituições multilaterais como a ONU e critica ações unilaterais que prejudiquem o sistema internacional — sem mencionar diretamente os EUA ou a ameaça de Trump.
Entre diplomatas brasileiros, há o entendimento de que a fala do ex-presidente americano pode ter caráter mais eleitoral do que prático. Por isso, a prioridade, neste momento, é evitar declarações públicas que possam escalar a tensão e, ao mesmo tempo, monitorar os impactos que eventuais medidas possam ter no comércio exterior e nas relações com outros parceiros.