Um componente presente no veneno da abelha Apis mellifera, chamado melitina, tem demonstrado eficácia significativa no combate a células de câncer de mama agressivo, segundo estudos recentes realizados em laboratório. Ensaios feitos por pesquisadores do Pesquisadores do Harry Perkins Institute of Medical Research, na Austrália, acendem as esperanças na luta contra um dos maiores desafios da medicina moderna.
Eles observaram que o veneno é capaz de eliminar completamente células de câncer de mama triplo-negativo e aquelas com excesso do receptor HER2 em um período de apenas 60 minutos, causando poucos danos às células normais. A melitina age bloqueando os sinais que estimulam o crescimento e a multiplicação dessas células, o que ajuda a conter o avanço do tumor. Versões sintéticas da substância natural também reproduzem esses efeitos anticâncer.
Além dos testes em células, experimentos com camundongos indicaram que a combinação da melitina com medicamentos quimioterápicos, como o docetaxel, pode reduzir de forma significativa o crescimento tumoral. Em 2025, um avanço na pesquisa resultou no desenvolvimento de uma forma injetável da melitina, que mostrou capacidade de induzir a morte das células cancerosas em até seis horas, mantendo a ação por cerca de uma semana após aplicação direta no tumor.
Apesar dos resultados promissores, os cientistas ressaltam que ainda são necessários vários anos de investigação para que a técnica possa ser testada em humanos com segurança.
Uma revisão abrangente publicada na revista Toxins analisou diversos estudos e confirmou que componentes do veneno de abelha, como a melitina e a fosfolipase A2, promovem a morte de células tumorais por meio de processos como citotoxicidade, apoptose e regulação genética. Pesquisas adicionais também indicam que a melitina pode inibir a metástase, aumentando a expressão de genes que impedem a disseminação do câncer e reduzindo aqueles que favorecem esse processo.
Porém, especialistas destacam que todas essas descobertas são ainda preliminares, obtidas em laboratório ou em modelos animais, e que ainda não há evidências suficientes para aplicação clínica em humanos. Além disso, o uso do veneno de abelha em terapias alternativas, como a apitoterapia, não possui respaldo científico e pode representar riscos graves, como reações alérgicas e choque anafilático.
Diante desse cenário, a melitina é considerada uma promessa para o tratamento futuro do câncer de mama, principalmente em suas formas mais agressivas. No entanto, é fundamental a realização de ensaios clínicos rigorosos para avaliar sua segurança, dosagem adequada e possíveis efeitos colaterais.
Enquanto isso, especialistas recomendam que pacientes não substituam os tratamentos convencionais por métodos não comprovados que utilizem o veneno de abelha.
