O programa Carro Sustentável, que eliminou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos 1.0 com até 115 cavalos de potência, impulsionou significativamente as vendas da categoria. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o crescimento foi de 13% em julho em comparação com o mês anterior e de 11,4% em relação ao mesmo período de 2024.
O balanço foi apresentado por Arcélio Alceu dos Santos Junior, presidente da Fenabrave, durante encontro com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin. Apesar do aumento nas vendas, os modelos mais comercializados dentro dessa categoria ainda não foram divulgados.
Durante visita a concessionárias em Brasília no último sábado (2), Alckmin elogiou os resultados do programa, destacando a contribuição das montadoras para o sucesso da iniciativa. “O programa é um sucesso […], e as montadoras ajudaram com um bom desconto”, afirmou. Além do incentivo fiscal, algumas fabricantes aplicaram reduções próprias nos preços, tornando os veículos ainda mais acessíveis.
A consultoria K.Lume também apontou um crescimento expressivo nas vendas gerais. Entre junho e julho, houve um aumento de 13,4%, com 229.397 veículos emplacados no último mês, ante 202.164 no mês anterior. Por serem modelos de grande volume, os carros com motorização 1.0 representaram uma parcela significativa do total comercializado.
Para ser enquadrado no programa, um veículo deve atender aos seguintes requisitos:
- Ser produzido no Brasil;
- Ter motor flex com baixa emissão de poluentes;
- Ter potência máxima de 115,5 cv;
- Estar no limite de peso e ter alto índice de reciclabilidade;
- Cumprir parâmetros de segurança e resistência estrutural
A medida tem como principal objetivo impulsionar as vendas do setor automotivo, que, apesar de ter registrado bons resultados nos últimos anos, deixou de oferecer veículos com preços abaixo de R$ 80 mil. Antes da implementação do programa, os modelos mais acessíveis do mercado nacional eram o Fiat Mobi e o Renault Kwid — ambos com preços acima dessa faixa.
Atualmente, quatro montadoras aderiram ao programa Carro Sustentável: Fiat, Hyundai, Renault e Volkswagen. A responsabilidade de cadastrar os modelos elegíveis junto ao governo federal é de cada fabricante, garantindo assim a isenção do IPI. Para conferir os preços atualizados dos veículos com o imposto zerado.
Carro Sustentável: como funciona
Para compensar a renúncia fiscal gerada pelo incentivo aos carros populares, o governo vai aplicar uma sobretaxa aos veículos mais poluentes, por meio do chamado IPI Verde. A medida faz parte do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que estabelece novos critérios para a cobrança do imposto. O benefício será estendido tanto para pessoas físicas (CPF) quanto jurídicas (CNPJ), incluindo frotistas e empresas de locação.
A partir de agora, veículos nacionais e importados passarão a ser classificados com base em uma pontuação que considera sua eficiência energética e o impacto ambiental. O cálculo do imposto deixará de se basear unicamente na potência do motor e na emissão de gases poluentes. Quanto melhor a nota do veículo, menor será a alíquota do IPI.
Esse é o primeiro pacote de incentivo à indústria automotiva desde 2023, ano em que o governo federal aprovou uma medida provisória destinando R$ 1,5 bilhão em créditos para fabricantes — dos quais R$ 500 milhões foram voltados para carros de passeio.
Na época, os descontos proporcionados reduziram os preços de veículos populares entre R$ 2 mil e R$ 10 mil, conforme o valor abatido por cada montadora. Para compensar a perda de arrecadação, o governo optou pela reoneração do diesel.