A crise que se instalou na construção da Federação União Progressista — junção nacional entre PP e União Brasil — cria um ambiente de incertezas que pode comprometer diretamente os planos do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, de montar uma superchapa competitiva para deputado federal em 2026. A federação, que ainda depende de homologação do TSE, acumula disputas internas, divergências estaduais e uma debandada silenciosa que ameaça sua estabilidade antes mesmo de sair do papel.
A dificuldade em consolidar uma estrutura nacional única, com comando compartilhado e posições unificadas para as eleições do próximo ano, acendeu um alerta entre os parlamentares da futura federação. A regra é clara: uma vez criada, PP e União Brasil terão de marchar juntos por pelo menos quatro anos, estabelecendo convergência eleitoral em todos os níveis — municipal, estadual e federal
Nos bastidores alagoanos, o efeito imediato é a insegurança sobre o destino de nomes que hoje integram o União Brasil e o PP. Dos cinco deputados federais que integram as duas siglas no estado — Arthur Lira, Marx Beltrão, Daniel Barbosa, Fábio Costa e Alfredo Gaspar — pelo menos dois avaliam a possibilidade de mudança partidária caso o quadro nacional continue instável.
A movimentação pode comprometer o principal plano de Lira para 2026: montar uma chapa proporcional robusta, com potencial de eleger de quatro a cinco deputados federais. Essa engenharia exige equilíbrio interno, unidade partidária e previsibilidade — justamente os elementos que a crise da União Progressista tem colocado em xeque.
A preocupação cresce diante do comportamento de outras lideranças do país. No Paraná, dois dos principais nomes da bancada ruralista já deixaram PP e União, justamente para escapar das imposições da federação. Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado protagoniza um dos rachas mais visíveis e ameaça contestar publicamente a aliança. Em estados como Rio, São Paulo, Acre e Paraíba, disputas de comando e divergências eleitorais tornam o ambiente ainda mais frágil.
A leitura interna é que, se figuras nacionais de grande peso político estão em rota de colisão com o novo arranjo, parlamentares e lideranças estaduais podem seguir o mesmo caminho.
Outra preocupação é a quebra de expectativa em relação ao tempo de televisão e aos recursos de campanha. A federação criaria um dos maiores fundos partidários do país e ampliaria a presença no horário eleitoral — dois elementos vistos como fundamentais para fortalecer a chapa federal articulada pelo grupo de Lira. Sem a federação, essas vantagens se reduzem.
Além disso, possíveis saídas de deputados antes da janela partidária podem enfraquecer a estrutura das chapas e pressionar ainda mais os dirigentes locais. O União Brasil, por exemplo, tem sido alvo de especulações sobre a permanência de nomes como Alfredo Gaspar.
Se a federação se confirmar, o desafio será administrar as divergências internas. Se fracassar, o problema será reconstruir rapidamente um caminho viável para as eleições proporcionais. Nos dois cenários, o efeito é o mesmo: a incerteza nacional já começa a fragilizar o ambiente político local.
Fonte: Blog do Edivaldo Júnior

