Manter amigos presentes na rotina pode ser um dos segredos para um envelhecimento mais saudável. Um estudo publicado na revista Brain, Behavior and Immunity Health revelou que pessoas que cultivam relações sociais de qualidade ao longo da vida apresentam um envelhecimento mais lento — não apenas no comportamento, mas também em nível celular.
A pesquisa aponta a amizade como uma espécie de escudo biológico. Investigadores de universidades norte-americanas analisaram dados de mais de 2 mil adultos e concluíram que o apoio emocional de pais, familiares, amigos e até da comunidade desacelera o envelhecimento biológico. Esse conjunto de vínculos reduz inflamações, fortalece a imunidade e contribui para o equilíbrio hormonal.
De acordo com o pesquisador Anthony Ong, autor principal do estudo, “pessoas com conexões sociais mais ricas e duradouras literalmente envelhecem mais lentamente no nível celular”. Ele reforça que envelhecer bem envolve saúde e conexão humana — dois aspectos profundamente interligados.
Os cientistas também observaram marcadores biológicos como GrimAge e DunedinPACE, conhecidos como “relógios epigenéticos”, capazes de estimar a idade biológica com base em modificações no DNA. Os resultados mostraram que participantes com maior histórico de afeto e apoio tinham corpos biologicamente mais jovens e apresentavam níveis menores de interleucina-6, molécula associada a inflamações e doenças crônicas.
Outro ponto destacado pela pesquisa é a força dos vínculos duradouros. Para Ong, o impacto está no acúmulo ao longo do tempo: quanto mais profundas e constantes forem as relações, maiores serão os efeitos positivos para corpo e mente. A neurociência mostra que interações com pessoas queridas ativam regiões cerebrais ligadas ao prazer e à empatia, liberando dopamina e oxitocina — substâncias que aliviam o estresse e aumentam o bem-estar.
Por outro lado, o isolamento social produz efeitos opostos. Ele eleva o cortisol, intensifica citocinas inflamatórias e aumenta o risco de depressão, doenças crônicas e envelhecimento celular acelerado. A falta de conexão, quando prolongada, compromete a vitalidade e o senso de propósito, reforçando a importância dos laços sociais ao longo de toda a vida.
Como nutrir amizades saudáveis
- Participe da comunidade: envolva-se em atividades coletivas, grupos de voluntariado ou aulas em grupo;
- Valorize o diálogo: escute ativamente e mantenha conversas profundas, não apenas superficiais;
- Celebre a reciprocidade: amizades verdadeiras se constroem no equilíbrio entre dar e receber;
- Cuide das relações antigas: o tempo aprofunda os vínculos; resgatar amizades pode trazer benefícios emocionais e físicos.
A amizade, mais do que um afeto, é uma força vital. É ela quem regula nossas emoções, acalma o corpo e, segundo a ciência, atua como um dos mais potentes elixires da longevidade. Cuidar dos laços humanos é cuidar de si – porque envelhecer bem é, sobretudo, envelhecer acompanhado.

