O deputado federal Guilherme Boulos solicitou ao diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, a instauração de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o também deputado Eduardo Bolsonaro. Eduardo, que é escrivão da PF licenciado para exercer o mandato parlamentar, pode ser alvo de sanções que incluem desde advertência até demissão, o que, nesse último caso, tornaria o parlamentar inelegível por oito anos, conforme determina a Lei da Inelegibilidade.
A solicitação feita por Boulos se baseia em possíveis crimes cometidos por Eduardo, como coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal envolvendo organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e crime contra a soberania nacional.
Segundo reportagem do portal Metrópoles, o PAD pode ser uma estratégia adotada por adversários políticos do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro para inviabilizar futuras candidaturas. Eduardo é cotado para disputar uma vaga no Senado por São Paulo em 2026 ou até mesmo se lançar à Presidência da República.
Eduardo Bolsonaro já responde a outro processo administrativo na PF após ofender, da tribuna da Câmara dos Deputados, o delegado Fábio Schor, responsável por investigações sobre a tentativa de golpe de Estado que teria sido liderada por Jair Bolsonaro. Durante discurso, o parlamentar comparou o delegado a uma “cachorrinha” e a uma “prostituta”.
Além disso, parlamentares alertam para a possibilidade de um terceiro PAD caso Eduardo perca o mandato e não retorne ao Brasil. Desde fevereiro, o deputado reside nos Estados Unidos e, se faltar a três quintos das sessões da Câmara ao longo do ano legislativo, poderá ter o mandato cassado por ausência.
A situação pode se agravar ainda mais diante de novos vídeos em que Eduardo aparece atacando a Polícia Federal. Em uma live transmitida no último dia 20, o deputado voltou a ameaçar agentes da corporação: “Cachorrinho da Polícia Federal que está me assistindo, deixa eu saber não. Se eu ficar sabendo quem é você… Ah, eu vou me mexer aqui. Pergunta ao tal delegado Fábio Alvarez Shor se ele conhece a gente”, disse.
Durante visita a Osasco (SP) na última sexta-feira (26), o presidente Lula pediu providências da Câmara dos Deputados contra Eduardo Bolsonaro. Sem mencionar o nome do parlamentar, Lula se dirigiu diretamente aos deputados Guilherme Boulos e Jilmar Tatto. “O Boulos, o Tatto, vocês na Câmara têm que tomar uma atitude. Esse cara é deputado, ele se afastou, foi lá para os Estados Unidos ficar pedindo: ‘Trump, salva meu pai, salva meu pai”, disse o presidente.