
Um crime brutal ocorrido no último dia 21 de junho, no distrito de Comendador Soares, em Itaperuna (RJ), tem chocado o país pela frieza e o planejamento detalhado por trás do ato. O autor, um adolescente de 14 anos, assassinou os pais dentro de casa com o objetivo de reunir dinheiro e liberdade para viajar ao encontro da namorada virtual, de 15 anos, moradora de Mato Grosso. O relacionamento dos dois havia começado há cerca de seis anos, quando se conheceram em um jogo online aos 8 anos de idade.
As investigações revelaram que o casal compartilhava interesse por conteúdos de violência extrema, consumindo vídeos, jogos e filmes com essa temática, e trocavam informações sobre crimes. A conexão entre eles ultrapassou o laço emocional, criando um ciclo de influência mútua que culminou no duplo homicídio.
Segundo a Polícia Civil, a motivação imediata para os assassinatos foi a negativa dos pais do garoto em permitir uma viagem para visitar a namorada. Em troca de mensagens reveladas durante a investigação, o adolescente descreveu os pais como “seres nojentos” e afirmou não ter qualquer afeto por eles, dizendo que matá-los “seria apenas uma questão de tempo”.
O delegado Matheus Soares, da Delegacia de Água Boa (MT), responsável por interrogar a adolescente, afirmou que ela participou ativamente do crime, incentivando o namorado em tempo real.
“Após matar o pai, ele enviou um áudio dizendo ‘matei meu pai’, e ela respondeu: ‘atira nela agora’, referindo-se à mãe dele”, relatou.
A jovem também teria manifestado desejo de cometer um crime semelhante contra a própria mãe, com apoio do namorado. O comportamento insensível e a ausência de arrependimento por parte do casal chamaram a atenção dos investigadores, que destacaram o grau de frieza envolvido no caso.
O delegado responsável pelas investigações no Rio de Janeiro, Carlos Augusto Guimarães, aproveitou a conclusão do inquérito para fazer um alerta a famílias de todo o país:
“É preciso atenção ao distanciamento entre pais e filhos, ao tempo em que crianças e adolescentes passam sozinhos no ambiente virtual, e ao consumo de conteúdos violentos. Tudo isso pode desencadear situações extremas como a que acompanhamos nesta investigação.”
O inquérito agora segue para o Ministério Público, que deve tomar as medidas legais cabíveis. Ambos os adolescentes estão sob custódia das autoridades.