Neste fim de semana, uma delegação de senadores brasileiros desembarca em Washington para tentar negociar a reversão do aumento de tarifas aplicadas pelo presidente Donald Trump sobre produtos do Brasil. Entre os dias 28 e 30, a comitiva realizará reuniões com representantes do setor empresarial e legisladores dos Estados Unidos, buscando alternativas para minimizar os efeitos do chamado “tarifaço”.
Os senadores demonstram um espírito diplomático e de mobilização em suas publicações nas redes sociais, onde enfatizam a importância do diálogo durante a missão. Ao mesmo tempo, deixam claro que não tolerarão medidas que prejudiquem a economia do Brasil.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) vê a missão como uma chance de fortalecer os vínculos históricos entre Brasil e Estados Unidos, além de buscar alternativas concretas para enfrentar as tarifas que colocam em risco as exportações brasileiras. Para ele, o diálogo é o caminho essencial, mas sempre preservando a soberania do país.
“O Brasil mantém uma relação de amizade com os EUA que já dura mais de 200 anos. O diálogo respeitoso é o melhor caminho para avançarmos. Não nos interessa alimentar conflitos, mas sim proteger os interesses do nosso país”, contou Wagner. De acordo com o senador, a intenção é buscar soluções que fortaleçam a economia do Brasil, sem comprometer a independência do país.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) ressaltou que a missão possui um caráter suprapartidário e está alinhada institucionalmente ao Congresso Nacional. Ele afirmou que a Comissão Temporária Externa, aprovada em Plenário, foi criada para facilitar o diálogo direto sobre as relações econômicas entre os dois países.
“A missão tem um caráter estratégico. Vamos promover o diálogo entre os parlamentos brasileiro e americano em defesa de um comércio justo e da soberania do nosso país”, disse.Carvalho enfatizou que seu mandato permanece atento e vigilante diante de quaisquer ações que possam impactar a economia do país.
Destacando o espírito conciliador da missão, O senador Carlos Viana (Podemos-MG) afirma que a situação demanda maturidade política e um entendimento claro dos prejuízos que a medida pode causar para ambas as partes.“Sabemos das dificuldades e do momento crítico entre Brasil e EUA”, explicou. “Mas é hora de reestabelecer o diálogo, mostrar que o Brasil é um bom parceiro.”
Congresso americano em recesso
A missão brasileira enfrenta um cenário desfavorável nos Estados Unidos, já que a visita coincide com o recesso parlamentar, o que pode reduzir seu impacto político. A Câmara dos Deputados encerrou os trabalhos mais cedo após uma manobra da maioria republicana para evitar votações polêmicas, como a divulgação de documentos sobre o caso Epstein.
Ainda assim, o Senado americano permanece em atividade até o fim do mês, permitindo alguma margem para diálogo com parlamentares.
Embora os nomes dos interlocutores americanos ainda não tenham sido confirmados, a comitiva brasileira pretende se reunir com parlamentares republicanos e democratas, além de representantes do setor empresarial, como membros do Brazil-U.S. Business Council, com o objetivo de ampliar os canais de diálogo entre os dois países.