O senador Marcos do Val (Podemos-ES) viajou para os Estados Unidos mesmo após ter os passaportes bloqueados por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi confirmada nesta quinta-feira (24) pela assessoria do parlamentar, que afirmou que a viagem ocorreu utilizando um passaporte diplomático que permanece com ele, apesar da ordem judicial de apreensão emitida em agosto de 2023 pelo ministro Alexandre de Moraes.
Em nota oficial, a equipe de do Val argumenta que o passaporte diplomático está “plenamente válido até 31 de julho de 2027, sem qualquer restrição”. A nota ainda ressalta que, em 22 de julho de 2025, a Embaixada dos Estados Unidos da América, em Brasília, renovou o visto oficial (B1/B2) do senador, com validade até 2035. Segundo o comunicado, isso demonstraria “o pleno reconhecimento internacional de sua legitimidade e regularidade diplomática”.
A Polícia Federal chegou a cumprir mandado de busca e apreensão em endereços ligados ao senador para recolher os passaportes, mas não localizou o documento diplomático. Em fevereiro deste ano, a Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia, confirmou por unanimidade a ordem de apreensão do passaporte, além do bloqueio das redes sociais do parlamentar.
A determinação faz parte de uma investigação em curso no Supremo que apura a suposta participação de Marcos do Val em uma campanha de intimidação e constrangimento contra investigadores da Polícia Federal. No mesmo processo, foi determinado que o senador não poderia se manifestar nas redes sociais.
Ainda neste mês, do Val protocolou no STF um pedido formal para viajar aos Estados Unidos durante o recesso parlamentar, alegando que tiraria férias com a família. O pedido foi negado por Alexandre de Moraes.
A viagem, portanto, representa uma afronta direta à decisão judicial e levanta questionamentos sobre como o senador conseguiu deixar o Brasil com um documento que estava oficialmente sob ordem de apreensão. Até o momento, o STF e a Polícia Federal não se pronunciaram sobre o ocorrido.
A atitude de Marcos do Val deve intensificar a crise entre o senador e o Judiciário, além de abrir margem para novas medidas por parte da Corte Suprema.