Ambientes internos do Museu de História Natural (MHN), localizado no prédio histórico do antigo Centro de Ciências Biológicas (CCBI), em Maceió, devem ser imediatamente interditados devido a riscos físicos e biológicos identificados durante uma vistoria técnica. A recomendação consta em relatório elaborado pelo engenheiro civil Allan Vianna, da Gerência de Obras da Pró-Reitoria de Infraestrutura da Universidade Federal de Alagoas (PROINFRA/UFAL), após avaliação das condições estruturais da edificação.
Segundo o documento, há sérios problemas que comprometem o funcionamento seguro do espaço, colocando em risco servidores, visitantes e terceirizados. Entre os principais pontos estão afundamentos de piso, infiltrações severas, estruturas deterioradas, presença de pragas, forros e revestimentos danificados, e mobiliário inutilizável.
Riscos identificados e danos estruturais
Durante a inspeção, diversos ambientes apresentaram situações críticas, como reboco caído, mofo nas paredes, infiltrações oriundas da cobertura danificada, além de fissuras preocupantes em vigas de concreto. Ambientes antes utilizados como salas de aula e exposições encontram-se degradados, com tetos parcialmente desabando, pisos desnivelados e portas e janelas que não fecham, facilitando a entrada de animais e a ação das intempéries.
Ambientes com exposição de peças em formol, por exemplo, estão com condições inadequadas para permanência humana, com rachaduras, infiltrações em estágio avançado e acúmulo de materiais danificados. O relatório destaca que a permanência nesses locais pode causar doenças respiratórias e acidentes físicos.
Banheiros e acessibilidade em situação crítica
Os banheiros destinados ao público visitante e à comunidade acadêmica também foram alvo de preocupação. Foram encontradas portas deterioradas, forros danificados, ausência de revestimento cerâmico, espelhos quebrados, além da falta de itens básicos de higiene e acessibilidade.
Em alguns pontos, rachaduras com angulação de 45º indicam possível movimentação do solo, exigindo atenção técnica imediata.
Abandono de estruturas e falhas em reformas
Um dos setores vistoriados, onde funcionaria um auditório, está em completo abandono. O local encontra-se sem cobertura, janelas, forro ou condições de uso, com acúmulo de entulho, ferragens oxidadas e deterioração visível das paredes internas e externas.
O entorno da edificação também contribui para o quadro de alerta com o crescimento descontrolado de vegetação que facilita o aparecimento de animais peçonhentos, e a presença de reservatórios elevados de água sem manutenção periódica pode representar riscos de contaminação, de acordo com o relatório técnico.

Medidas recomendadas
Diante do cenário, o engenheiro vistoriador recomenda a interdição imediata dos ambientes comprometidos e aponta a necessidade de uma intervenção completa de engenharia.
Sinalização de auxílio
O diretor do Museu, Filipe Nascimento disse à reportagem do CadaMinuto que está tendo conversas e reuniões com a Ufal e “há sinalizações de algumas possibilidades que poderão vir ao nosso auxílio, mas ainda não há plano de ação”.
Sobre a possibilidade de alternativas para garantir a continuidade das atividades educativas e expositivas Fillipe Nascimento disse que as ações de itinerância serão intensificadas, “para levar o museu onde o público está”, como foi feito algumas vezes no passado.
“Próximo mês, por exemplo, o museu participará da Semana do Meio Ambiente em União dos Palmares, com exposições e atividades de divulgação científica. Outro braço de nossa ação será intensificar nossos eventos de forma on-line, como já fizemos anteriormente durante a pandemia. Além disso, os trabalhos de parceira que nosso museu tem com outras instituições do estado continuam, além das atividades de pesquisa, claro com algumas restrições por conta da situação do prédio”.
Sem orçamento
O pró-reitor de Infraestrutura da Universidade Federal de Alagoas, Felipe Paes, disse que não há previsão para recuperar o prédio que abriga o MHN. “Essa previsão só será possível se o Governo Federal sinalizar o envio de recurso discricionário suficiente para executar minimamente os serviços de manutenção corretiva”.
Os valores para essa manutenção, mais emergencial, giram em torno de R$ 4 milhões, sendo exclusivos para o MHN, comentou o pró-reitor destacando que hoje, esse é o valor que existe para manutenção de toda a Ufal.
Paes ressalta que “esse valor de R$ 4 milhões seria apenas para a manutenção corretiva, mas o ideal é fazer uma obra de restauro, só que o valor seria muito maior, mais de R$ 10 milhões, mas não temos esse orçamento”.
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Fonte: CadaMinuto