O repórter Lucas Martins retornou à apresentação do programa Polícia Brasil Urgente, na TV Bandeirantes, nessa segunda-feira (14), após um afastamento temporário motivado por um episódio de agressão contra uma colega da Record TV durante uma pauta na cidade de Alumínio, interior de São Paulo.
No início de julho, logo após o incidente, a emissora decidiu afastar o jornalista das ruas para apurar os fatos. Na mesma data, Lucas pediu desculpas publicamente ao vivo, demonstrando arrependimento pela sua conduta.
“Isso é inadmissível, quero pedir desculpas publicamente à Grace Abdou. Foram poucas explicações para o ocorrido, foi um episódio lamentável, uma atitude inaceitável da minha parte”, disse o repórter, já com a cabeça mais fria. “Profundamente arrependido”, finalizou.
A repórter agredida, Grace Abdou, também se manifestou nas redes sociais agradecendo o apoio que recebeu de colegas e internautas. Em uma publicação nos Stories do Instagram, ela afirmou: “Não passarão. Obrigada a todos os amigos e colegas de profissão que fazem o coração sorrir. Está tudo bem!”.
Como foi a discussão entre os jornalistas da Band e Record
Durante a cobertura do desaparecimento das adolescentes Layla e Sofia, de 16 e 13 anos, os repórteres Lucas Martins, da Band, e Grace Abdou, da Record, acabaram se envolvendo em uma discussão. Lucas conversava com um familiar das jovens enquanto se dirigia a outras duas parentes que estavam com Grace.
Ao se aproximar da dupla, Lucas tentou passar, mas Grace posicionou-se na frente dele, impedindo a passagem. Ele então a afastou com o corpo, pedindo para mostrar a foto das adolescentes.
Grace resistiu a abrir espaço e pediu para que Lucas aguardasse, o que provocou a irritação do repórter da Band. Ele insistiu: “Não. Dá licença, Grace, ah, tá louca? Mostra a foto pra gente”, dirigindo-se a uma jovem que segurava um celular.
Enquanto a jovem falava, Grace interrompeu questionando se Lucas estava ao vivo, dando início à troca de farpas. Lucas confirmou e, em seguida, Grace perguntou por que ele a empurrou. Lucas respondeu que foi porque ela estava entrando propositalmente na frente dele e que não era a primeira vez que isso acontecia, demonstrando sua irritação antes de voltar a conversar com as entrevistadas.
Band diz ter advertido repórter Lucas Martins
- Em nota, a Band reafirmou seu “compromisso com o respeito mútuo entre os profissionais da imprensa”. Disse, ainda, que “sempre valorizou e respeitou a atuação das mulheres, que ocupam espaços de destaque nas redações e demais setores”.
- “A empresa não compactua com o episódio envolvendo o repórter Lucas Martins e a jornalista Grace Abdou, da Record TV. Ressaltamos que Lucas possui uma longa trajetória profissional na Band, sem registros de condutas semelhantes. Ele foi advertido e já se retratou publicamente em relação ao ocorrido”, diz a nota.
- “A Band se coloca à disposição da jornalista e da Record TV com o sincero desejo de que o episódio seja superado e situações como essa não se repitam”, finaliza o texto.
Fenaj repudia violência
A Comissão de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) manifestou seu repúdio à agressão sofrida pela repórter Grace Abdou, por meio de nota oficial.
“A cena, exibida ao vivo, mostra o repórter da Band empurrando deliberadamente a colega de profissão, em um gesto de violência injustificável que evidencia o desrespeito às mulheres jornalistas e a naturalização da agressividade em um ambiente de trabalho que deveria ser pautado pela ética e pela solidariedade”, diz a nota.
“A violência de gênero no jornalismo assume diversas formas — desde o assédio moral e sexual até agressões físicas — e precisa ser enfrentada com firmeza por todas as instâncias da categoria, incluindo as empresas de comunicação. O pedido de desculpas feito pelo repórter, embora necessário, não exime a gravidade da conduta nem pode ser usado para relativizar o ocorrido”, acrescenta o texto.
“Manifestamos nossa solidariedade à jornalista Grace Abdou e exigimos que a Band tome as providências cabíveis, inclusive com medidas efetivas para que esse tipo de conduta não se repita. (…) Nenhuma mulher deve ser agredida, intimidada ou silenciada. Jornalismo se faz com respeito.”