
A Polícia Civil de São Paulo prendeu um empresário suspeito de liderar um esquema milionário de falsificação e venda de bebidas alcoólicas de baixa qualidade em garrafas de marcas renomadas. O principal alvo da operação, identificado como Alerrandro Adriano de Andrade Araújo, foi detido na última quinta-feira (29), no município de Monte Alto, interior do estado. Ele é apontado como o chefe de uma organização criminosa que abastecia adegas da capital e de outras cidades com uísques, vodkas e gins falsificados, vendidos como se fossem importados.
As investigações, conduzidas pelo 42º Distrito Policial (Parque São Lucas), apontam que as bebidas utilizadas no esquema custavam cerca de R$ 5 por litro e eram revendidas por até R$ 200, após passarem por um processo de adulteração. Para camuflar o gosto da bebida de baixa qualidade e simular o sabor dos rótulos originais, os criminosos adicionavam um coquetel químico à composição.
A fraude começou a ser desvendada em 21 de janeiro, quando Anderson Alex da Silva foi preso em flagrante em uma favela da zona leste da capital. No local, foram apreendidas cerca de 5 mil garrafas já envasadas e prontas para distribuição. Segundo a polícia, ele era responsável por todo o processo de falsificação — desde a lavagem das garrafas até o lacre final — e abastecia adegas em praticamente todas as regiões periféricas da cidade.
“Ele lavava, envasava, etiquetava, lacrava e distribuía as bebidas fake para toda a cidade de São Paulo. Quase 90% das adegas de periferia são abastecidas com essas bebidas”, afirmou um investigador envolvido na apuração, sob condição de anonimato.
Empresário era o “patrão” do esquema
Com a quebra do sigilo telemático do celular de Anderson, autorizada pela Justiça, a Polícia Civil teve acesso a conversas e trocas de mensagens que revelaram a estrutura e os principais integrantes da quadrilha. Foi assim que os investigadores chegaram até Alerrandro, apelidado pelos comparsas de “fortaleza” do grupo criminoso.
Na casa do empresário, os policiais encontraram centenas de litros de bebida falsificada, garrafas de marcas famosas já adulteradas e materiais usados no processo de falsificação, como lacres e etiquetas. Além disso, Alerrandro mantinha uma lanchonete e uma loja de conveniência em Monte Alto, que seriam usados para escoar parte dos produtos.
Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos nas cidades de Americana e Santa Bárbara d’Oeste, como parte da segunda fase da Operação Parece Mas Não É, deflagrada nesta semana.
A investigação continua em andamento. Até o momento, outros três integrantes da quadrilha foram identificados, entre eles os responsáveis pela aquisição das garrafas originais, dos insumos de falsificação e da bebida de baixa qualidade usada para “batizar” os produtos.
A Polícia Civil também investiga o uso de um galpão de grandes proporções que pode ter sido utilizado pela organização para produção e armazenamento das bebidas falsificadas.
As defesas dos presos mencionados na reportagem não foram localizadas até o momento. O espaço segue aberto para manifestações.