O governo dos Estados Unidos anunciou o fim das tarifas de 40% sobre produtos agrícolas brasileiros, decisão que veio na mesma semana em que o STF tornou réu o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por supostamente articular sanções contra o Brasil. A medida representa uma vitória significativa para a diplomacia do governo Lula e pode se converter em um ativo político importante caso o presidente tente a reeleição em 2026.
Ao mesmo tempo, o bolsonarismo enfrenta um momento crítico. O ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado, teve seu processo encaminhado para a fase de execução penal, tornando a prisão uma possibilidade concreta e próxima.
Entre os aliados do ex-presidente, havia a expectativa de que uma anistia ampla fosse aprovada no Congresso. No entanto, entre os demais parlamentares, a alternativa mais aceita foi a redução das penas dos envolvidos. A proposta, relatada por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), acabou perdendo espaço diante do avanço das discussões sobre o PL Antifacção.
Em meio às negociações, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), avalia que o tema só deve voltar à pauta após eventual prisão de Bolsonaro. Já o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chegou a sinalizar uma retomada do debate, mas, diante do desgaste político recente e da proximidade do período eleitoral, é improvável que queira assumir novo embate.
Reações ao recuo de Trump
Eduardo Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira (20), que o recuo do presidente Donald Trump não tem relação com a atuação diplomática do governo Lula. Para o deputado, a mudança seria resultado do aumento da inflação nos Estados Unidos, e não de pressões externas articuladas pelo Brasil.
Do outro lado, governistas aproveitaram a situação para criticar o parlamentar. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), declarou que o país começa a colher resultados de uma política externa responsável, capaz de proteger a economia, ampliar mercados e recuperar a credibilidade internacional.
Segundo o petista, a decisão norte-americana representa uma vitória do Brasil. “É preciso dizer: vencemos os traidores da pátria!”, afirmou Lindbergh, reforçando o tom de confronto com a ala bolsonarista.
Relembre o tarifaço
- O tarifaço de 40%, agora parcialmente reduzido, foi anunciado em 9 de julho.
- À época, Trump enviou uma carta a Lula afirmando que o Brasil seria taxado em até 50% — contando a tarifa-base —, como reação ao que considerava uma “perseguição judicial” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado e hoje condenado a 27 anos e 3 meses.
- O republicano chamou o julgamento de “caça às bruxas”, criticou decisões do ministro Alexandre de Moraes e acusou o Brasil de restringir a liberdade de expressão ao remover conteúdos considerados antidemocráticos.
- O líder estadunidense também afirmou que o país impunha barreiras comerciais “injustas” às empresas americanas — argumento negado pelo governo Lula, que citou o saldo positivo dos EUA na última década.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, chamou pai e filho de “traidores da pátria” e também citou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que responsabilizou Lula pelo tarifaço.
“Lula soube conversar com seriedade e altivez com Donald Trump, confirmando que é um verdadeiro líder. Vitória do Brasil e enorme derrota dos traidores da pátria, Jair e Eduardo Bolsonaro, e daqueles que comemoraram o tarifaço contra o país, como o governador Tarcísio de Freitas e outros mais”, disse a ministra.

