O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visita nesta segunda-feira (29) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na prisão domiciliar em Brasília. Será o primeiro encontro entre os dois desde a condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, Supremo Tribunal Federal (STF).
A ida de Tarcísio até seu padrinho político na capital federal ocorre em meio a um recolhimento do governador nas últimas duas semanas, em que passou a focar agendas e discursos em questões locais de São Paulo, recuando do perfil presidenciável que vinha apresentando desde junho deste ano.
Após fazer diversos acenos ao bolsonarismo ao assumir o protagonismo das articulações pelo projeto de anistia que poderia beneficiar o ex-presidente e subir o tom nas críticas ao STF, acusando o ministro Alexandre de Moraes de “tirania”, Tarcísio optou por submergir e esfriar as especulações de que será candidato à Presidência da República em 2026.
Os movimentos do governador fizeram com que ele passasse a ser alvo de opositores e até mesmo da opinião pública, que enxergaram nas articulações um descolamento de Tarcísio da imagem de moderado. Ministros do STF também ficaram incomodados com a guinada radical do chefe do Palácio dos Bandeirantes.
Questionado sobre o encontro com Bolsonaro na última quinta-feira (25), Tarcísio negou que a reunão será para tratar sobre candidatura à Presidência da República ou anistia aos envolvidos em atos golpistas.
“Eu vou visitar um amigo e prestar solidariedade a ele. É uma coisa que eu vou fazer sempre porque tenho preocupação e consideração com uma pessoa que sempre foi muito importante para mim”, desconversou Tarcísio.
Perguntado se Bolsonaro teria, enfim, dado o sinal de que o apoiaria como candidato para a disputa do Palácio do Planalto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Tarcísio refutou a ideia. “Não deu aval nenhum e eu sou candidato à reeleição. Não tem nada disso”, disse.
“Desnacionalização” da agenda
Como antecipou o Metrópoles, o governador relatou a aliados nas últimas semanas que está desanimado com a ideia de concorrer à Presiência por conta da desorganização da direita, da repercussão negativa da PEC da Blindagem e de resultados de pesquisas eleitorais. Ao longos dos últimos dias, Tarcísio realizou agendas no interior paulista e na Grande São Paulo.
Desde que subiu no palanque do ato bolsonarista de 7 de Setembro e chamou Moraes de “tirano”, Tarcísio voltou o foco ao Estado de São Paulo, realizando diversas agendas de entregas no interior e passando a direcionar seus discursos a prefeitos, deputados estaduais e questões locais.
Na sexta-feira (26), esteve em Presidente Prudente e em Iepê. Na quinta (25), em Guarulhos. Na quarta (24), foi a vez de Embu das Artes, e, na terça (23), Campinas. Na última segunda-feira (22), Tarcísio esteve em Taquarituba, na região de Itapeva.
A nova rotina destoou da agenda presidenciável que o governador vinha fazendo antes, participando de painéis e eventos do mercado financeiro, em que fez diversas falas de tom nacional e ensaiou até slogan de campanha.
Antes da manifestação na Paulista e em meio ao início do julgamento de Bolsonaro no STF, o governador foi a Brasília para se reunir com lideranças partidárias e articular em prol da anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro, o que ajudou a alimentar a ideia de que Tarcísio estaria finalmente pavimentando a candidatura para enfrentar Lula em 2026, com o apoio do bolsonarismo e do Centrão.
No dia 15, Tarcísio cancelou uma viagemque faria à capital federal para visitar o ex-presidente na prisão domiciliar. Este seria o primeiro encontro com o padrinho político após a condenação no STF. A ida até Brasília, no entanto, foi cancelada depois que Alexandre de Moraes autorizou o encontro apenas esta segunda (29).
Fonte: Metrópoles