A relação entre Donald Trump e Lula pode até parecer surpreendente, mas, segundo uma comparação bem-humorada, ela tem o número 28 da tabela periódica como símbolo: é níquel — um elo resistente, mas inesperado.
Apesar da impressão de que tudo se deu por uma aproximação espontânea, como Trump deixou transparecer na ONU, o estreitamento de laços entre os dois líderes foi, na verdade, resultado de uma articulação bem mais estratégica.
Nos bastidores, empresários brasileiros com fortes interesses nos Estados Unidos desempenharam papel fundamental nesse processo. Destaque especial para os irmãos Wesley e Joesley Batista, donos do grupo J&F, que, segundo fontes da política e do mercado ouvidas pelo blog, atuaram fortemente nos bastidores.
A relevância da J&F no mercado americano é tamanha que encontros entre seus executivos e autoridades do governo Trump ocorreriam de forma natural — com ou sem a ameaça do tarifaço.
Para se ter uma noção do peso do conglomerado, o grupo emprega 75 mil pessoas nos Estados Unidos e 180 mil no Brasil. Por lá, operam em diversos segmentos alimentícios, incluindo frango, carne bovina, suínos e alimentos processados como salsichas e salames.
Com essa estrutura, os empresários conseguiram acesso direto a figuras importantes do governo norte-americano, incluindo autoridades do Departamento de Estado e do Departamento de Comércio, rompendo o bloqueio tradicional da Casa Branca.
Joesley Batista, inclusive, esteve na Casa Branca há cerca de três semanas e, segundo apuração do jornal Folha de S.Paulo — confirmada pelo blog —, se encontrou pessoalmente com Donald Trump. A confirmação oficial do governo norte-americano ainda é aguardada.
Na reunião, o tarifaço foi inevitavelmente um dos principais temas discutidos. Os executivos da J&F buscaram mostrar como as tarifas afetariam negativamente os consumidores americanos, sobretudo os das classes mais baixas, que consomem produtos como hambúrgueres, tacos e almôndegas — todos afetados pelas medidas.