A vacina brasileira de dose única contra a dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan, recebeu aprovação da Anvisa nessa quarta-feira (26). O imunizante, chamado Butantan-DV, torna-se o primeiro produzido no país e o único aplicado em dose única, representando um avanço significativo no combate à doença.
Embora já tenha aval da agência reguladora, o imunizante ainda não tem data definida para entrar no Sistema Único de Saúde. Ainda assim, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, antecipou que o governo pretende iniciar o uso já no início do próximo ano e trabalhar para adiantar a distribuição das doses.
Segundo Padilha, a meta é incorporar o Butantan-DV ao calendário nacional do SUS em 2026, mas existe a possibilidade de utilizar o primeiro lote de 1 milhão de doses já em dezembro. Ele afirmou ainda que o governo busca acelerar a chegada das 35 milhões de doses previstas, evitando que fiquem concentradas apenas no segundo semestre.
Antes de chegar à rede pública, o instituto deve solicitar à Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos a definição do preço máximo permitido. Essa etapa é obrigatória mesmo quando o imunizante será distribuído de forma gratuita pelo Ministério da Saúde.
Depois dessa fase, será a vez de a Conitec avaliar a incorporação da vacina ao SUS, analisando eficácia, custo-benefício e impacto tecnológico. Caso receba aprovação, inicia-se um prazo de até 180 dias, prorrogáveis por mais 90, para que o imunizante seja oficialmente disponibilizado à população.
Doses da vacina estão adiantadas
Com a aprovação da Anvisa, o Instituto Butantan afirmou que poderá iniciar a entrega das primeiras doses da vacina Butantan-DV já em 2026, dependendo apenas da definição do cronograma e da estratégia de distribuição pelo Ministério da Saúde. O instituto reforça que o imunizante é seguro, eficaz contra os quatro sorotipos da dengue e adequado para aplicação em larga escala.
O país vive um cenário de circulação simultânea de diferentes sorotipos do vírus, o que torna a chegada de uma vacina nacional de dose única ainda mais estratégica. A expectativa é que a imunização beneficie pessoas de 12 a 59 anos, facilitando a logística e ampliando o alcance da proteção populacional.
O Butantan, no entanto, planeja ampliar essa faixa etária. O instituto já recebeu autorização da Anvisa para iniciar testes da vacina em pessoas entre 60 e 79 anos, buscando comprovar a eficácia e segurança também nesse grupo.
Segundo o infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm, os estudos de acompanhamento ao longo de mais de cinco anos demonstram que uma única dose mantém proteção duradoura e apresenta baixíssimo índice de eventos adversos. Para ele, trata-se de uma vacina “extremamente segura e eficaz”, capaz de transformar o cenário de enfrentamento à dengue no Brasil.

