Apesar do aceno, presidente russo mantém resistência a cessar-fogo e à devolução de territórios ocupados pela Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (03) estar disposto a se reunir pessoalmente com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, desde que o encontro seja “bem preparado” e possa trazer resultados concretos. Em coletiva de imprensa realizada em Pequim, na China, Putin disse que o ucraniano poderia até mesmo viajar a Moscou para a reunião.
“É possível. Nunca descarto isso. Se a reunião for bem preparada e levar a um resultado potencialmente positivo, é possível. E, a propósito, Donald [Trump, presidente dos EUA] me perguntou se era possível ter uma reunião dessas e eu disse que sim. Afinal, se Zelensky estiver pronto, ele pode vir a Moscou”, declarou o líder russo.
A possibilidade de um encontro vinha sendo discutida após o presidente norte-americano Donald Trump ter se reunido separadamente com os dois chefes de Estado. No entanto, divergências sobre questões territoriais e a continuidade da guerra reduziram as expectativas em torno de uma cúpula de paz.
Impasse territorial
O principal ponto de atrito segue sendo a ocupação de áreas ucranianas por tropas russas. Enquanto Moscou demonstra interesse em consolidar seu controle sobre regiões a leste de Kiev, Zelensky reitera que não pretende ceder terras nem negociar trocas territoriais.
Em paralelo, a Ucrânia continua recebendo reforços militares da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em um movimento que Putin critica duramente.
“Concordo com aqueles que acreditam que cada país tem o direito de escolher seu próprio sistema de segurança. Isso se aplica a todos os países, incluindo a Ucrânia. Mas isso também significa que a segurança de um país não pode ser garantida às custas da segurança de outro país, neste caso, a Federação Russa”, afirmou.
Segundo ele, Moscou se opõe à entrada da Ucrânia na Otan, mas não interfere em decisões econômicas e comerciais de Kiev.
“Sempre nos opusemos à Ucrânia como membro deste bloco do Atlântico Norte, mas nunca questionamos seu direito de conduzir seus negócios econômicos e comerciais como bem entender. Isso também se aplica à adesão à UE”, acrescentou.
Encontro condicionadoDe acordo com representantes do governo russo, uma reunião entre Putin e Zelensky só deve ocorrer quando houver avanços significativos em memorandos de paz. O objetivo, segundo Moscou, seria evitar uma série de encontros sem resultados, que poderiam desgastar ainda mais as negociações.
Enquanto isso, a guerra entra em mais uma fase de escalada militar, com a Rússia ampliando ataques e a Ucrânia reforçando defesas graças ao apoio ocidental — um cenário que torna ainda mais distante a concretização de um acordo de cessar-fogo.

