O cidadão alagoano que deseja tirar a primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH) precisa trabalhar, em média, mais de três meses para juntar o valor necessário. O dado faz parte de um levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), que utilizou como base um critério da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre o limite saudável de endividamento das famílias.
De acordo com o estudo, o valor médio da CNH nas categorias A e B em Alagoas é de R$ 1.350, enquanto a renda média per capita do estado é de R$ 1.331. Considerando o comprometimento de 30% da renda mensal, percentual considerado seguro pela Febraban, o alagoano levaria 3,38 meses para reunir o valor necessário e iniciar o processo de habilitação.
O levantamento também expõe a desigualdade regional. No Distrito Federal, onde a renda média é de R$ 3.444, o tempo para alcançar o valor da CNH é de cerca de dois meses, e há aproximadamente 5 mil motoristas habilitados a cada 10 mil habitantes. Já em estados do Norte e Nordeste, como Maranhão, Piauí e Amazonas, o número cai para entre 1 mil e 2 mil habilitados, refletindo a renda mais baixa e o maior custo relativo da formação.
Com o objetivo de reduzir desigualdades e ampliar o acesso à habilitação, o Governo Federal estuda um novo modelo que pode baratear o processo em até 80%. A proposta prevê maior liberdade para o candidato escolher onde realizar as aulas teóricas e práticas, incluindo opções gratuitas oferecidas pela Senatran e instrutores autônomos credenciados. A consulta pública sobre o projeto está aberta na plataforma Participa + Brasil até o dia 2 de novembro.