Após a prisão do dono de uma clínica de reabilitação em Marechal Deodoro, ocorrida na sexta-feira (22), a Polícia Civil de Alagoas intensifica as investigações para descobrir se outras pessoas participaram dos supostos abusos e violência relatados por pacientes da “comunidade terapêutica”.
Integrante da comissão que apura a morte da esteticista Cláudia Pollyane Faria de Santa’Anna, de 41 anos, a delegada Ana Luiza Nogueira foi a responsável por divulgar a atualização sobre o caso.
“Estamos nos debruçando em dois aspectos importantes. Primeiro, no inquérito original, que prendeu a companheira do proprietário pelos crimes de estupro e maus-tratos. E também pela morte da vítima, inclusive, pelas escutas que fizemos, já foram ouvidas mais de 30 pessoas no trâmite do inquérito policial, pelo laudo do exame cadavérico, muito embora estejamos aguardando ainda o laudo toxicológico, há indicativo de, no mínimo, um crime de homicídio culposo”, em entrevista concedida na manhã desta segunda-feira (25) ao programa Balanço Geral AL, da TV Pajuçara/Record, Ana Luiza forneceu mais detalhes sobre o caso.
“E um outro fato que a polícia tem se debruçado, a reiteração de condutas nas dependências dessa clínica. Há relatos constantes de cometimento de crimes de tortura, maus-tratos, abusos físicos e psicológicos cometidos ali.
Esse fato específico que a polícia está diligenciando no dia de hoje e toda a semana para ter um lastro probatório muito forte e proceder à responsabilização penal dessas duas pessoas que estão presas e, porventura, de outras pessoas ou quiçá funcionários que tenham de alguma forma contribuído para todas essas condutas delitivas”, afirmou
A apuração sobre o caso está a cargo de uma comissão formada por três delegadas: Ana Luiza Nogueira, que coordena as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs); Liana Franca, titular do 17º Distrito Policial de Marechal Deodoro; e Maria Eduarda, vinculada à Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).
“É um caso muito grave. Inclusive, com indicativo muito forte de cometimento de crimes de estupro, de maus-tratos, de violência física, de violência psicológica reiterada nas dependências dessa clínica”.
Segundo a delegada, o dono da clínica, detido em um motel, negou todas as acusações. Ainda assim, as autoridades afirmam que já dispõem de provas substanciais no curso das investigações.
“Sim, quando ele foi ouvido, negou a conduta. Mas isso é praxe, a grande maioria de diversos crimes, quando são ouvidos em sede policial, nega a conduta. Porém, isso não tem relevância nenhuma, pois já temos um lastro probatório muito forte nos inquéritos policiais, que são dois. Estamos investigando outras condutas que foram praticadas nas dependências da clínica”.
Ana Luiza Nogueira informou que, após a repercussão do caso, aproximadamente 20 pacientes da clínica em Marechal Deodoro já foram retirados por familiares.
“Vejam que ele (proprietário) veio de São Paulo, já tinha, inclusive, indicativo de cometimento de crime de homicídio ocorrido naquela cidade. E também havia uma clínica com o mesmo modus operandi ocorrido aqui na cidade. Daí a gravidade dos fatos e a necessidade de, aqui em Alagoas, apurarmos essa conduta com muito rigor”.
A morte de Cláudia Pollyanne levou a família da esteticista a registrar um Boletim de Ocorrência em 9 de agosto, solicitando exames adicionais. A decisão foi motivada por relatos da Unidade de Pronto Atendimento de Marechal Deodoro, na região metropolitana de Maceió, que indicaram a presença de hematomas no corpo da mulher, que faleceu no mesmo dia.
