A Polícia Civil de Alagoas avançou, nessa segunda-feira (25), nas investigações sobre a comunidade terapêutica de Marechal Deodoro, interditada após denúncias de maus-tratos e da morte, ainda sob apuração, de Claudia Pollyane, de 41 anos.
Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em uma residência no bairro Mangabeiras, em Maceió, os policiais localizaram material utilizado no funcionamento irregular da clínica. Entre os itens recolhidos estavam comprimidos de uso controlado, restritos ao ambiente hospitalar, que foram encaminhados ao Instituto de Criminalística (IC) para perícia química forense.
Outros objetos também foram apreendidos, incluindo uma arma de choque e um facão, que, segundo as investigações, eram empregados de forma ilícita contra os internos. A comissão de delegadas responsável pelo caso — formada por Ana Luiza Nogueira, Juliane Santos, Maria Eduarda e Liana Franca — conduz os trabalhos desde a prisão preventiva da esposa de um dos donos e, posteriormente, do proprietário do estabelecimento.
De acordo com a delegada Ana Luiza, coordenadora das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), a apuração envolve possíveis crimes de estupro, tortura e agressões. A Polícia Civil ainda investiga a participação de outros envolvidos nas denúncias de abusos e violência contra pacientes.
O caso da esteticista Cláudia Pollyanne ganhou repercussão após sua família registrar um Boletim de Ocorrência. A medida foi tomada depois que profissionais da Unidade de Pronto Atendimento de Marechal Deodoro, na região Metropolitana de Maceió, informaram sobre a presença de hematomas no corpo da mulher, que morreu no sábado, 9 de agosto.
Segundo a delegada Liana Franco, titular do 17º Distrito Policial, a partir da divulgação da morte, novas denúncias chegaram à polícia. Uma delas ocorreu após o resgate de uma adolescente de 16 anos, também paciente da clínica, na noite de quinta-feira, 14. Na ocasião, a proprietária do local foi presa, e a jovem relatou que sofrera abusos sexuais praticados pelo marido da dona da clínica.
Relatos de outras vítimas reforçaram o padrão de violência. Uma ex-paciente contou que, durante os nove meses em que esteve internada, foi dopada, abusada sexualmente e ainda convivia sob intimidação constante, já que um cachorro da raça pitbull era mantido nas dependências da chamada “comunidade terapêutica”.
O laudo do exame cadavérico feito no corpo de Cláudia Pollyanne Faria de Santa’Anna, de 41 anos, apontou como causa da morte uma insuficiência respiratória aguda. O documento também constatou diversas lesões traumáticas espalhadas pelo corpo da esteticista.
O dono da clínica, que estava foragido desde o dia 15 de agosto, quando a esposa foi presa, acabou localizado e detido em 22 de agosto. Ele foi encontrado escondido em um motel na região de Jacarecica, no Litoral Norte de Maceió.