O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi detido nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal (PF). A prisão integra a Operação Unha e Carne, que investiga o suposto vazamento de informações confidenciais da Operação Zargun, responsável pela prisão do deputado estadual TH Joias.
Segundo a PF, existem “provas robustas” de que Bacellar divulgou dados reservados, o que teria comprometido investigações voltadas para a cúpula do Comando Vermelho (CV) e suas conexões com autoridades públicas.
Os mandados – um de prisão preventiva, oito de busca e apreensão e um de intimação para medidas cautelares – foram emitidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no contexto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental das Favelas (ADPF 635), que delegou à PF a apuração das principais organizações criminosas violentas no estado do Rio de Janeiro.
Operação Zargun
Lançada em 3 de setembro deste ano, a Operação Zargun desmontou uma rede de tráfico internacional de armas e drogas, corrupção de servidores públicos e lavagem de capitais, associada diretamente a líderes do CV no Complexo do Alemão.
Foram executados 18 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão, além do bloqueio de R$ 40 milhões em patrimônio.
A ação visou um delegado da PF, policiais militares, um ex-secretário estadual e o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, identificado como articulador político da facção no interior da Alerj.
Acusações de favorecimento
Conforme as investigações, TH Joias atuava em benefício do CV, intermediando a aquisição de fuzis, entorpecentes e equipamentos antidrones. Ele também teria indicado a esposa de um traficante para ocupar um cargo na estrutura parlamentar.
Outros investigados incluem:
- Gabriel Dias de Oliveira (Índio do Lixão), tesoureiro do CV, responsável pela movimentação de R$ 120 milhões em cinco anos;
- Luciano Martiniano da Silva (Pezão), líder da facção;
- Alessandro Pitombeira Carracena, ex-subsecretário estadual, suspeito de interferir em operações policiais por solicitação de criminosos;
- policiais militares e um delegado federal investigados por fornecer proteção e informações privilegiadas ao grupo.
Posicionamento oficial
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, enfatizou a gravidade da infiltração do crime organizado no setor público:
“Seja traficante armado na favela ou de terno na Assembleia, a resposta do Estado será a mesma”.
Já o superintendente da PF, Fábio Galvão, afirmou que o esquema envolvia interferências diretas em operações policiais, incluindo a retirada de unidades do Batalhão de Choque de áreas estratégicas a pedido de criminosos.
Após a prisão de TH Joias, o MDB anunciou sua expulsão. A defesa dos investigados não se manifestou até o momento.

