A cada real que a indústria do cigarro fatura, o Brasil desembolsa cinco para lidar com as consequências. O alerta está em um estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e pelo Ministério da Saúde: A Conta que a Indústria do Tabaco Não Conta.
“Para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco, o Brasil gasta R$ 5 com doenças causadas pelo fumo.” A afirmação, baseada em dados econômicos e de saúde pública, deixa claro o desequilíbrio entre o que as empresas ganham e o que o país perde.
Essa conta inclui internações, tratamentos de doenças como câncer, infarto, AVC e problemas respiratórios, além das perdas econômicas com mortes precoces e afastamentos do trabalho. O impacto vai muito além do cigarro em si — ele atravessa famílias, sobrecarrega o sistema de saúde e afeta a produtividade nacional.
De acordo com o estudo, o lucro de R$ 156 mil com a venda de cigarros legais representa, em média, uma vida perdida por doenças associadas ao fumo. E o custo médio de cada uma dessas mortes chega a R$ 796 mil, considerando despesas médicas e perdas indiretas.
Em números gerais, o Brasil gasta R$ 153,5 bilhões por ano com os danos provocados pelo tabagismo, enquanto arrecada apenas R$ 8 bilhões em impostos do setor. Ou seja: a conta simplesmente não fecha. Apenas 5,2% dos custos totais do cigarro são cobertos pela tributação das fabricantes.
Enquanto isso, cerca de 174 mil brasileiros morrem todos os anos por causas relacionadas ao fumo — quase 480 por dia. O fumo passivo sozinho é responsável por aproximadamente 20 mil dessas mortes anuais.
Apesar da proibição desde 2009, os cigarros eletrônicos continuam se espalhando entre os jovens, e 6,1% dos brasileiros de 18 a 24 anos já declararam ter usado os dispositivos, segundo a pesquisa Vigitel 2023.
A saída existe
Para enfrentar esse cenário, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem quer parar de fumar. O serviço inclui apoio psicológico, medicamentos como adesivos de nicotina e bupropiona, e pode ser acessado em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS).
O cigarro continua sendo um negócio lucrativo — mas só para a indústria. Para o país, para as famílias e para os hospitais, ele representa uma conta pesada, paga em dinheiro e em vidas.