A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, na madrugada desta sexta-feira (18), um pacote de cortes orçamentários no valor de US$ 9 bilhões, o equivalente a quase R$ 50 bilhões, proposto pelo presidente Donald Trump. A medida reduz significativamente os recursos destinados à mídia pública e à ajuda externa, e agora segue para sanção presidencial na Casa Branca.
A proposta foi aprovada por uma margem apertada de 216 votos a 213. Todos os deputados democratas votaram contra, acompanhados apenas por dois republicanos dissidentes: Brian Fitzpatrick (Pensilvânia) e Mike Turner (Ohio). Um dos principais alvos do corte é o financiamento de US$ 1 bilhão à mídia pública, incluindo emissoras como a PBS e a rádio NPR, criticadas por suposta parcialidade contra visões conservadoras. Além disso, recursos que anteriormente sustentavam programas de ajuda internacional também foram reduzidos.
Durante as negociações no Senado, um item específico foi retirado do pacote: o corte de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) destinados ao programa PEPFAR, de prevenção ao HIV/AIDS.
O deputado republicano Aaron Bean (Flórida) celebrou o resultado: “Estamos dando um pequeno passo para cortar gastos desnecessários, mas um grande salto em direção à sanidade fiscal”. Em contraste, o líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, criticou duramente a medida, alertando que ela compromete a segurança da população e a capacidade dos EUA de exercer influência internacional. Jeffries também destacou o impacto negativo sobre o acesso a informações de emergência em regiões rurais do país, onde o rádio público é uma das principais fontes de comunicação.
A votação, no entanto, foi atrasada por horas devido a discussões em torno do caso Jeffrey Epstein. Pressionado por republicanos que exigem mais transparência, o Comitê de Regras da Câmara anexou ao pacote de cortes uma resolução que pede ao procurador-geral dos EUA a divulgação, em até 30 dias, de documentos relacionados ao finado financista e criminoso sexual. A medida, porém, foi criticada por democratas como o deputado Jim McGovern (Massachusetts), que classificou a iniciativa como um “comunicado de imprensa disfarçado”, já que não há mecanismo para forçar o cumprimento da resolução.
O tema ganhou novos contornos após o The Wall Street Journal noticiar que Trump teria enviado, anos atrás, uma carta de aniversário a Epstein com o desenho de uma mulher nua. O presidente negou a veracidade da reportagem e prometeu processar o jornal.
Nas redes sociais, Trump comemorou a aprovação do corte. “A câmara aprovou pacote de cortes de U$ 9 bilhões, incluindo a horrível NPR e a transmissão pública, onde bilhões de dólares por ano eram desperdiçados. Os republicanos tentaram fazer isso por 40 anos, e falharam… mas agora não mais. Isso é enorme!”
Segundo a agência Reuters, membros da administração Trump já sinalizaram que outros pacotes de corte devem ser enviados em breve ao Congresso. Parlamentares democratas afirmam que, desde o início do segundo mandato de Trump, mais de US$ 425 bilhões em gastos autorizados pelo Congresso já foram bloqueados pelo governo.