Uma organização suspeita de desviar verbas da educação em municípios do interior paulista planejava expandir seus negócios para a comercialização de materiais pedagógicos direcionados a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A investigação, denominada Operação Coffee Break, é conduzida pela Polícia Federal e envolve pessoas com ligações a familiares do presidente Lula.
A denúncia do Ministério Público Federal (MPF), apresentada na sexta-feira (5), detalha que integrantes do grupo articulavam a venda de “salas especiais” para a inclusão de crianças neurodivergentes na rede pública de ensino.
De acordo com o documento, a proposta partiu do doleiro Eduardo Maculan em fevereiro deste ano, apresentada como uma “oportunidade de negócio”. Em diálogo interceptado, ele sugere ao empresário André Mariano a oferta de materiais “neuro especiais” – como fones de ouvido e mordedores – para secretarias municipais de educação.
Os investigados têm conexões com Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Lula, e com Kalil Bittar, ex-sócio de Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha). Carla foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, outro filho do chefe do Executivo.
A defesa de Kalil Bittar, assinada pelo advogado Roberto Bertholdo, nega que ele tenha recebido recursos sob a forma de “mesada” e afirma que o empresário prestou serviços legítimos a André Mariano. Kalil é irmão de Fernando Bittar, um dos proprietários do sítio de Atibaia, local que foi alvo de apurações na Operação Lava Jato.
Os advogados de André Mariano – Silas Gonçalves, Matheus Bottene e Lemuel Zem – sustentam, em nota, que o cliente “não cometeu os crimes que lhe foram imputados e não integra – muito menos lidera – qualquer organização criminosa”.

