Uma missão de apuração de fatos da ONU identificou um “padrão sustentado e sistemático” de prisões de familiares de opositores na Venezuela, com o objetivo de gerar medo e exercer controle social. O relatório será apresentado na próxima semana em sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU e abrange pesquisas realizadas entre setembro de 2024 e agosto de 2025.
Segundo o documento, as detenções ocorrem como represália a políticos da oposição ou para pressioná-los, causando impactos graves às famílias e reforçando um clima de medo. Entre os casos citados está o de Rafael Tudares, genro do ex-candidato presidencial Edmundo González, detido em janeiro enquanto levava os filhos à escola. A família afirma não ter recebido informações sobre ele desde então.
O relatório também aponta que os parentes detidos não puderam escolher advogados e foram atendidos apenas por defensores públicos.
A repressão contra figuras opositoras intensificou-se após a eleição presidencial de julho de 2024. A oposição afirma que seu candidato, Edmundo González, venceu de forma esmagadora, mas o regime de Nicolás Maduro e a Suprema Corte reconheceram a vitória do ditador para um terceiro mandato.
O governo venezuelano já classificou a missão da ONU como um mecanismo de agressão, insistindo que o país é uma democracia regida por leis.