Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) o tarifaço comercial de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre uma ampla gama de produtos importados do Brasil. Apesar de o Sudeste responder pela maior parte das exportações brasileiras aos EUA, as regiões Norte e Nordeste são as mais duramente atingidas pela medida.
Segundo estudo técnico, a severidade do impacto sobre o Norte e o Nordeste se explica pela fragilidade das cadeias produtivas locais, muitas vezes concentradas em pequenos produtores e cooperativas, além da baixa capacidade de absorção interna dos produtos exportados.
Produtos como o mel natural do Piauí e frutas frescas exportadas por Pernambuco e Bahia estão entre os mais afetados. No Nordeste, os estados com maior percentual de exportações para os EUA são Ceará (44,9%), Paraíba (21,64%) e Sergipe (17,1%), com destaque para pescados, calçados, couro, açúcar, sucos e resinas.
Apesar de juntos representarem uma fatia modesta das exportações nacionais para os EUA, 3,9% do Norte e 11,1% do Nordeste, o impacto do tarifaço nessas regiões é desproporcional devido à sua dependência de poucos setores exportadores.
Já o Sudeste, responsável por 71% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, sentirá menos os efeitos da medida, uma vez que sua pauta exportadora é mais diversificada e inclui bens de alto valor agregado, como aeronaves e petróleo, que ficaram de fora da nova taxação.
A medida foi oficializada por meio de uma ordem executiva assinada por Trump em 30 de julho. O documento classifica o Brasil como um risco à segurança nacional dos EUA e utiliza a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977, como base legal. A nova tarifa eleva em 40% a alíquota já existente de 10%.
Embora quase 700 produtos tenham sido excluídos da taxação, incluindo suco e polpa de laranja, minérios de ferro, artigos de aeronaves e combustíveis, itens importantes como café, carne e frutas ficaram de fora da lista de exceções.

