O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), criticou nesta terça-feira (15/7) a interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em assuntos internos do Brasil. A declaração foi feita durante audiência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, que debate a tarifa de 50% imposta pelos EUA às exportações brasileiras.
“Da mesma forma, caros colegas, que não aceito que o [Emmanuel] Macron, que a Greta Thunberg, que o Leonardo DiCaprio venham meter a mão em coisas aqui do Brasil, eu também, e aí o senador Humberto Costa (PT-PE), somos oposição um ao outro, mas eu não aceito que o Trump venha meter o bedelho num caso aqui que é interno nosso”, afirmou Mourão.
A crítica do senador vem após Trump associar a nova taxação comercial a alegadas injustiças no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o tornou réu em ações relacionadas a uma suposta tentativa de golpe de Estado. Mourão, embora considere o processo contra Bolsonaro uma “injustiça”, reforçou que o caso deve ser tratado exclusivamente no âmbito nacional.
“Há uma injustiça sendo praticada contra o presidente Bolsonaro? Há uma injustiça sendo praticada. Mas compete a nós, brasileiros, resolvermos isso”, pontuou o parlamentar.Audiência discute reação à tarifaA audiência da CRE desta terça-feira debateu os caminhos que o Brasil deve adotar após o anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, válida a partir de 1º de agosto. Além de senadores, participaram representantes do governo e do setor produtivo:
Philip Fox, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty;
Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura;
Jefferson de Oliveira Gomes, diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI);
Michel Platini Juliani, presidente da Associação Brasileira dos Importadores (Abimp).
A medida anunciada por Trump tem gerado reações diversas no Congresso e entre entidades do setor produtivo, que avaliam os impactos econômicos e diplomáticos da decisão. Enquanto o governo brasileiro estuda estratégias de resposta, a expectativa é de que o tema continue em pauta nas próximas semanas.