Ao ser levado para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, o cantor de funk MC Poze do Rodo surpreendeu os agentes ao se identificar como ligado ao Comando Vermelho (CV) e pedir, de forma direta, para ser colocado na ala reservada à facção. O pedido foi feito logo após ele desembarcar do camburão que o transportava até o presídio.
Fontes da Polícia Civil confirmaram que o funkeiro expressou preocupação com a possibilidade de ser detido em uma área controlada por membros do Terceiro Comando Puro (TCP), grupo rival do CV com quem trava violentas disputas por controle de comunidades no Rio de Janeiro.
A solicitação reforça, para os investigadores, a suspeita de que Marlon Brendon Coelho Couto – nome de batismo do cantor – mantém vínculos com integrantes da cúpula do Comando Vermelho. A polícia acredita que ele não apenas possui relações diretas com a facção, mas também atua na promoção de sua imagem através das redes sociais e de eventos.
Medo de rivais e histórico de ameaças
O medo de cair em mãos erradas não é novo para MC Poze. Em 2021, ele foi ameaçado de morte após recusar se apresentar em áreas dominadas por facções rivais. Na ocasião, um show do artista em Salvador foi cancelado pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia, justamente pelo risco de conflito entre grupos criminosos locais.
Agora, já sob custódia, o funkeiro deixou claro de qual lado se posiciona, algo que pode ter repercussões tanto no ambiente carcerário quanto fora dele.
Prisão temporária e investigações
A prisão de Poze foi determinada após a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) reunir provas consideradas sólidas sobre a proximidade do artista com criminosos ligados ao CV. Segundo os investigadores, há indícios de que ele participa ativamente da estratégia de fortalecimento da facção.
O cantor teve bens de alto valor apreendidos no final de 2024, incluindo carros de luxo e joias, que recentemente foram devolvidos por decisão judicial. Apesar disso, ele segue sendo alvo de apuração por sua suposta participação em rifas fraudulentas, que movimentavam grandes quantias de dinheiro sob a fachada de sorteios baseados na Loteria Federal.