Ministro do STF afirma que ameaças e pressões externas não afetarão julgamento de tentativa de golpe no Brasil
Durante a abertura do segundo semestre do Judiciário, nesta sexta-feira (1º/8), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes se pronunciou de forma enfática contra os ataques sofridos por ele e por outros integrantes da Corte, afirmando que “acham que somos da laia deles”. Em discurso contundente, ele classificou como “organização criminosa” os articuladores de sanções contra ministros no exterior e rejeitou qualquer tentativa de coação ao Judiciário brasileiro.
Sem citar nomes, Moraes fez referência direta às recentes sanções aplicadas por autoridades dos Estados Unidos, como a Lei Magnitsky, a suspensão de vistos para membros do STF e seus familiares, e até a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros. O ministro deixou claro que tais ações, que atribui a interesses políticos e particulares, não alterarão o andamento das ações penais sob sua relatoria, incluindo a que investiga a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito em 2022.
“Engana-se essa organização criminosa ao esperar que a permanente continuidade dessa torpe coação possa gerar uma covarde rendição dos poderes constituídos brasileiros”, declarou o ministro. Ele também condenou ameaças dirigidas a familiares de magistrados e reiterou o compromisso do Supremo com a democracia e a soberania nacional.
Moraes assegurou que o julgamento dos réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seguirá seu curso dentro do rito processual estabelecido. Segundo ele, os quatro núcleos de acusados deverão ter seus julgamentos marcados ainda no segundo semestre de 2025. “O rito irá ignorar as sanções praticadas. Este relator vai ignorar as sanções que foram aplicadas e vai continuar os julgamentos. Sempre de forma colegiada. Não nos acovardando diante de ameaças, sejam daqui, sejam de qualquer outro lugar”, reforçou.
O pronunciamento ocorre em meio a uma escalada de tensões entre autoridades brasileiras e atores políticos internacionais, e reafirma a postura institucional do STF frente a pressões que, segundo Moraes, tentam desestabilizar o sistema democrático brasileiro.

