O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal (PF) colha, no prazo de 15 dias, o depoimento do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) sobre a ligação feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro antes do depoimento do general no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado.
A decisão, assinada nesta segunda-feira (2), atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), feito após revelação de que Bolsonaro teria telefonado a Mourão com a intenção de influenciar seu depoimento à Corte.
“Encaminhem-se os autos à Polícia Federal para que proceda à oitiva do senador general Antônio Hamilton Martins Mourão, para prestar esclarecimentos sobre os fatos, sem prejuízo de diligências adicionais, no prazo de 15 dias”, escreveu Moraes no despacho.
A ligação ocorreu na semana anterior ao depoimento de Mourão, realizado no dia 23 de maio. De acordo com informações divulgadas, Bolsonaro teria solicitado ao seu ex-vice-presidente que, durante seu depoimento, reforçasse pontos considerados estratégicos para sua defesa no processo.
Após a divulgação da informação, Mourão afirmou publicamente que a conversa foi “genérica” e sem interferência direta em seu depoimento.
Mourão foi convocado como testemunha não apenas de Bolsonaro, mas também de três outros generais que são réus no inquérito: Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto, todos ex-integrantes do governo anterior.
Com a determinação de Moraes, a PF deverá esclarecer se houve tentativa de interferência por parte de Bolsonaro no depoimento de Mourão, e se a conversa ultrapassou os limites de um contato institucional ou pessoal. A decisão também abre possibilidade para novas diligências, caso a PF julgue necessário.
O inquérito do STF investiga a organização e execução de uma suposta tentativa de golpe de Estado, com o envolvimento de militares e civis, após as eleições de 2022.