A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nessa terça-feira (27) que se sentiu agredida, mas não intimidada, após ser alvo de ofensas e ser interrompida repetidamente por senadores durante uma audiência pública no Senado.
“Ninguém vai dizer qual é o meu lugar”, declarou em entrevista à GloboNews, acrescentando: “Saí dali mais fortalecida”.
A tensão se instalou durante uma sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado, que debatia a pavimentação de uma estrada na Amazônia. A ministra Marina Silva deixou a audiência após atritos com parlamentares — em especial com o presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), que, ao ser confrontado sobre a condução dos trabalhos, mandou a ministra “se pôr no seu lugar”.
“O meu lugar é trabalhando para combater desigualdade, para garantir um modelo de desenvolvimento que gere prosperidade e respeito à floresta”, rebateu Marina, que teve o microfone cortado em diversas ocasiões. Segundo a ministra, o tratamento recebido foi “um desrespeito não apenas institucional, mas também de gênero”.
Durante a audiência, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) declarou que respeitava Marina como mulher, mas não como ministra. A fala reforçou o tom hostil adotado pelo parlamentar, que em março já havia causado polêmica ao afirmar, durante um evento no Amazonas, que sentia “vontade de enforcá-la”.
Apesar das críticas, Marina Silva negou ausência de apoio da base aliada. Segundo a ministra, recebeu diversas manifestações de solidariedade, incluindo uma ligação do presidente Lula. “Ele me disse: ‘Você fez o que era certo, de não tolerar desrespeito’. Me senti respaldada”, relatou.
A audiência conturbada, que tinha como foco as políticas ambientais e a infraestrutura na Amazônia, foi tomada principalmente pela discussão sobre o respeito e o tom direcionados à ministra. Marina concluiu: “O que está em jogo é a forma como mulheres, sobretudo em cargos de poder, ainda são tratadas. Eu não aceito esse tipo de intimidação”.