Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reagiram com ironia e descrença às três reivindicações feitas por Eduardo Bolsonaro, após o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump acusar o Judiciário brasileiro de promover uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro. O deputado licenciado sugeriu, entre outras medidas, uma anistia ampla para golpistas, a elegibilidade do pai em 2026 e o afastamento do ministro Alexandre de Moraes da Corte.
De acordo com apuração da imprensa, dois magistrados ouvidos afirmaram que os pedidos nem sequer serão considerados internamente. “Ah! Fala sério!”, reagiu um ministro influente, surpreso com os pleitos. Outro foi ainda mais direto: “Chance zero, obviamente”.
Eduardo Bolsonaro divulgou os pedidos destacando que “não fala pelo governo dos Estados Unidos”, mas aproveitou a fala de Trump, que classificou Moraes como “ditador”, para reforçar seu posicionamento. Os três pontos apresentados foram a anistia “ampla, geral e irrestrita” para réus e condenados por envolvimento em tentativa de golpe de Estado; a reversão da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, permitindo sua candidatura à Presidência em 2026 e o afastamento do ministro Alexandre de Moraes do STF.
Pouco depois da repercussão interna no Supremo, o ministro Gilmar Mendes publicou um texto contundente em sua conta no X (antigo Twitter). Sem citar diretamente Eduardo ou Trump, Mendes defendeu a atuação da Corte e destacou o contexto excepcional vivido pela democracia brasileira.
“Nenhuma outra Suprema Corte no mundo sofreu ataques tão virulentos à honra de seus magistrados, incluindo planos de assassinato arquitetados por facções de grupos eleitorais derrotados”, escreveu o ministro.
Na publicação, Gilmar lembrou ainda que a tentativa de golpe de Estado ocorrida no Brasil foi orquestrada “em plena luz do dia”, e denunciou o papel de plataformas digitais na propagação de desinformação e na sabotagem do debate democrático. Segundo ele, o momento vivido pelo país é singular e exige uma “defesa irredutível de preceitos constitucionais” diante de ameaças às instituições e ao Estado de Direito.
A manifestação do ministro ocorre em meio ao acirramento dos discursos de aliados de Jair Bolsonaro, que têm intensificado as críticas ao STF após avanços das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.