Pierre Victor, de 10 anos, foi homenageado por familiares e amigos; ele foi uma das vítimas do major da reserva Pedro Silva

Sob intensa comoção, foi sepultado na manhã desta terça-feira (10), no cemitério São Gonçalo, em Palmeira dos Índios, o corpo de Pierre Victor Pereira Silva, de apenas 10 anos, morto após ser feito refém pelo próprio pai, o major da reserva da Polícia Militar, Pedro Silva. A criança foi assassinada no último domingo (8), em um imóvel no bairro Prado, em Maceió, onde o pai manteve cinco pessoas da família sob cárcere privado.
A despedida do menino foi marcada por dor, homenagens e grande comoção popular. Pierre morava e estudava em Palmeira dos Índios, no Agreste alagoano, onde era conhecido e querido. Uma tenda foi montada em frente à casa onde ele vivia com a família para receber parentes, amigos e vizinhos. Durante o cortejo fúnebre, bexigas brancas foram agitadas, e uma faixa com os dizeres “Nosso pequeno anjo! Seu sorriso estará presente em nossos corações” emocionou os presentes.
A mãe da criança, que também foi feita refém durante o episódio, esteve presente, visivelmente abalada, e permaneceu boa parte da cerimônia com o filho mais novo nos braços.
Além de Pierre, o sargento da reserva Altamir Moura Galvão de Lima, de 61 anos, também foi morto. O autor dos disparos, Pedro Silva, morreu em confronto com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) após a intervenção.
Investigação e histórico de violência
A tragédia reacendeu o debate sobre a custódia de militares presos por crimes não militares. Pedro Silva estava detido na Academia da Polícia Militar desde janeiro de 2025, após denúncias de violência doméstica contra a ex-companheira. Mesmo sob custódia, ele gravou vídeos de dentro da Academia no fim de maio, negando as acusações.
O governador de Alagoas, Paulo Dantas, determinou a criação de uma comissão especial para investigar a fuga do major. Segundo ele, o comandante-geral da PM, coronel Paulo Amorim, e três delegados da Polícia Civil foram designados para apurar os fatos e identificar falhas que permitiram a evasão.
Familiares contestam a versão inicial da polícia, que sugeria um possível surto psicótico. Arrison Galvão, sobrinho do sargento morto, afirmou que Pedro apresentava um histórico de comportamento violento e não deveria estar em um local com condições para planejar e executar a fuga.
A Polícia Militar informou que as investigações internas continuam e que todas as medidas estão sendo tomadas para esclarecer os fatos e evitar novas falhas no sistema de custódia.