A possibilidade de que animais sintam emoções complexas, como rancor e desejo de vingança, sempre despertou curiosidade tanto de cientistas quanto do público. Entre os primatas, nossos parentes evolutivos mais próximos, esses comportamentos são ainda mais evidentes. Estudos indicam que chimpanzés e algumas espécies de macacos podem guardar rancor e retaliar quando se sentem prejudicados, sugerindo que a noção de “justiça” tem raízes muito antigas.
Uma pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) examinou chimpanzés em cativeiro e revelou um dado curioso: eles demonstram vingança, mas sem maldade. Nos experimentos, os animais reagiram contra colegas que haviam roubado sua comida, mostrando que suas retaliações são proporcionais e estratégicas, e não atos de crueldade gratuita.
Esses comportamentos fornecem pistas importantes sobre a origem biológica das emoções humanas. Entre os chimpanzés, “dar o troco” funciona como uma ferramenta de manutenção da ordem e da coesão social do grupo, e não apenas como um impulso emocional.
Além disso, os resultados reforçam a ideia de que a empatia, a justiça e a vingança possuem bases evolutivas profundas. Esses primatas usam estratégias inteligentes para equilibrar relações dentro do grupo, demonstrando habilidades cognitivas e sociais avançadas.
Compreender como chimpanzés lidam com injustiças ajuda a iluminar aspectos fundamentais da natureza humana. Nossos comportamentos de retaliação e defesa de direitos podem ter raízes ancestrais compartilhadas, conectando ciência, evolução e ética.

