A artista visual alagoana Lyara Cavalcanti é uma das finalistas do Prêmio Pipa 2025, uma das mais reconhecidas premiações de arte contemporânea no Brasil. Única representante de Alagoas na disputa, ela concorre na categoria Pipa Online, que é decidida por votação popular (veja abaixo como votar).
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Lyara também concluiu a pós-graduação em Práticas Culturais Populares, desenvolvida em parceria com o Museu Théo Brandão. Sua trajetória artística nasceu do gesto manual herdado da infância e foi amadurecendo entre cursos, experimentações e memórias familiares.
“Desde criança, eu sempre me expressei dessa forma mais criativa, mais manual. Essa era minha linguagem principal”, lembra. “Na graduação, comecei a trazer esse lado para dentro do curso, e foi quando me aproximei da madeira. Meu avô Rafael trabalhava com ela como hobby, e isso me estimulou muito e foi o ponto de partida”.
O encontro definitivo com o material, no entanto, se deu durante a pandemia, em 2021. Em meio ao silêncio das ruas, Lyara passou a recolher resíduos urbanos, restos de poda de árvores. Descobriu ali uma matéria que, para ela, habita a fronteira entre vida e morte: já foi árvore, mas é capaz de renascer em outra forma.
“Essa aproximação me levou a pensar a madeira como um corpo que carrega tempos. Ela fala sobre envelhecimento, sobre a passagem, sobre a transmutação que a gente também vive em vida, com várias mortes e renascimentos dentro da mesma existência”.
Esse diálogo entre permanência e transformação aparece em trabalhos recentes, como a exposição Raízes Mortas Ainda Dançam Sobre a Terra (2023), realizada no Complexo Cultural Deodoro, em parceria com Lucas Cardoso. No ano seguinte, em São Paulo, Lyara participou da residência Kaaysá Art Residency, onde desenvolveu a série Todos os Dias Oferto ao Solo os Restos de Mim. Além do circuito expositivo, integrou o São Paulo Fashion Week em colaborações com a marca alagoana FOZ, nos desfiles de 2023 e 2024.
A madeira, no entanto, não é apenas um suporte técnico. É também raiz, um elo entre ancestralidade e presente. “Além do meu avô, me inspiro nos muitos mestres artesãos de Alagoas. Por pertencer a esse lugar, eu me senti capaz de desenvolver essas técnicas à minha maneira, com uma abordagem contemporânea, mas sem perder o vínculo com a tradição. Alagoas está no centro do meu trabalho”.
A indicação ao Pipa, afirma, representa um movimento coletivo de reconhecimento. “Está sendo muito precioso ver as pessoas se movimentando, votando, apoiando. Sinto um orgulho grande das pessoas verem Alagoas representada também na arte contemporânea. Porque a gente é conhecido pelo turismo, pela gastronomia, pelo artesanato, mas agora há esse debate novo: também temos jovens artistas produzindo arte contemporânea viva e pulsante aqui”.
Em relação ao futuro, Lyara prefere desenhá-lo no território onde vive e cria. “Quero continuar desenvolvendo meu trabalho aqui em Maceió, sem precisar carregar essa ideia de que, para dar certo, eu preciso sair. Quero poder viver e trabalhar daqui, levando o nome de Alagoas para fora. E espero que isso se fortaleça, que traga mais visibilidade para o cenário artístico local, que nossos museus sejam reativados e que a arte contemporânea daqui tenha ainda mais espaço”.
Como votar em Lyara Cavalcanti no prêmio Pipa
1. Entre no site: premiopipa.com/lyara-cavalcanti
2. Clica em VOTE AQUI
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Fonte: Gazeta Web
