Presidente brasileiro reforça defesa da soberania nacional diante de tarifas e sanções impostas por Washington; conversa com Trump ainda não foi confirmada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou disposição para o diálogo com os Estados Unidos, mas deixou claro que o Brasil não aceitará imposições externas. A declaração ocorre em meio a uma crescente tensão diplomática entre os dois países, intensificada após o governo norte-americano anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e aplicar sanções a autoridades do país, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A semana começou com expectativa sobre uma possível conversa entre Lula e o ex-presidente e atual pré-candidato Donald Trump, que afirmou publicamente que o líder brasileiro pode “ligar quando quiser”. A fala, no entanto, foi recebida com cautela pelo Itamaraty, que destacou a necessidade de articulação diplomática antes de qualquer diálogo direto entre chefes de Estado.
Segundo fontes ouvidas pelo G1, diplomatas brasileiros consideram que, embora simbólica, a declaração de Trump não representa necessariamente uma abertura concreta para negociações. A condução de conversas desse nível exige coordenação entre as equipes, definição prévia de temas e cuidado com o tom, sobretudo diante da recente escalada nas tensões bilaterais.
Durante um evento do Partido dos Trabalhadores, Lula comentou o cenário e afirmou que o Brasil está disposto a negociar, mas dentro de certos limites.
“O que nós queremos, nós estamos trabalhando, nós vamos ajudar as nossas empresas, nós vamos defender os nossos trabalhadores e vamos dizer o seguinte: quando quiser negociar, as propostas estão na mesa”, declarou.
Ele também frisou que o país não deseja conflito, mas não abrirá mão de sua soberania.
Em uma publicação nas redes sociais, o presidente reiterou a posição brasileira de manter o diálogo aberto com os Estados Unidos, mas ressaltou que cabe apenas aos brasileiros e às instituições nacionais definir os rumos do país.
No plano diplomático, um passo relevante foi a reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em Washington. No encontro, Vieira reforçou que o Brasil não aceitará pressões externas, em referência às tentativas do governo norte-americano de influenciar o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.
As declarações de Lula e os movimentos do Itamaraty indicam que o Brasil pretende manter uma postura de equilíbrio: sem romper o diálogo, mas firme na defesa de seus interesses diante de qualquer tentativa de interferência. A possibilidade de um contato direto entre Lula e Trump segue em aberto, sem confirmação oficial até o momento.