O presidente Lula (PT) reagiu nesta terça-feira (18) a declarações do chanceler alemão Friedrich Merz que continham observações críticas sobre Belém – PA, cidade que sedia a Conferência do Clima de 2025 (COP30).
Lula fez referência a um discurso de Merz em 13 de novembro, quando o líder europeu afirmou em evento do Comércio Alemão que a delegação de seu país ficou satisfeita em deixar Belém e regressar à Alemanha.
Durante pronunciamento no interior tocantinense, o presidente brasileiro sugeriu que Merz deveria ter conhecido melhor a cultura e a gastronomia paraenses durante sua estada no Brasil. Ele afirmou que Berlim, capital alemã, não oferece 10% da qualidade de vida disponível em Belém.
“O primeiro-ministro da Alemanha [Merz] esses dias se queixou: ‘Ah eu fui em Belém, mas voltei logo porque eu gosto mesmo é de Berlim’. Ele, na verdade, deveria ter ido em um boteco no Pará, deveria ter dançado no Pará, ele deveria ter provado a culinária do Pará, porque ele ia perceber que Berlim não oferece para ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém. E eu falava toda hora, coma maniçoba”, disse o presidente.
As declarações do presidente ocorreram durante cerimônia de inauguração da ponte entre Xambioá – TO e São Geraldo do Araguaia – PA.
A obra recebeu investimento de R$ 232 milhões, incluindo R$ 28,8 milhões provenientes do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Sobre preços no Pará
O mandatário também abordou as críticas relacionadas aos valores de serviços e produtos em Belém.
Lula afirmou que pessoas que reclamam dos preços elevados em hotéis e itens alimentícios como água e refrigerante não fazem as mesmas reclamações quando pagam valores altos em aeroportos e eventos musicais.
“Quando o Helder [Barbalho, governador do Pará] falou comigo de fazer a COP30 em Belém, tinha muita gente que não queria. ‘Ah, vocês são loucos, tem que fazer no Rio de Janeiro, em São Paulo, por que levar a COP para o meio do mato? Lá não tem estrutura, lá não tem hotel. A diária é cara, estão cobrando água muito caro’”, disse Lula.
“Mas nunca reclamaram da água que pagam em aeroporto internacional, nunca reclamaram quando vão em um show o preço da água, o preço do guaraná, mas foram reclamar do Pará”, completou.
Os valores elevados na capital paraense têm sido alvo de questionamentos e controvérsias há vários meses. Os preços praticados chegaram a ser considerados excessivos e levantaram dúvidas sobre a viabilidade de realização do evento na cidade.
Em julho, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, informou que algumas nações, particularmente as em desenvolvimento, solicitaram a transferência do evento devido aos custos considerados “extorsivos” de hospedagem e aluguel de imóveis.
Em setembro, o Judiciário paraense aceitou ação movida pela Defensoria Pública estadual, com apoio da OAB-PA e do governo local, estabeleciendo maior clareza e fiscalização sobre os preços divulgados por sites de reservas.
A decisão judicial reconheceu a responsabilidade das empresas sobre os anúncios publicados e determinou a adoção de medidas para impedir condutas abusivas.

