O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido a rapidez no envio ao Congresso Nacional do projeto de lei conhecido como “antifacção”. O objetivo é avançar com a proposta de forma célere e garantir que ela seja apreciada ainda neste ano.
Segundo informações da equipe de governo, Lula pretende se reunir ainda nesta semana com seus ministros e assessores para finalizar o texto da proposta, com envio previsto ao Poder Legislativo no início de novembro. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já indicou apoio para que a iniciativa seja votada no mesmo mês.
A ideia do governo é que a lei se transforme em uma vitrine eleitoral, mostrando o compromisso da atual gestão no combate às facções criminosas. A pauta de segurança pública, embora tradicionalmente associada à direita, é apontada pelas pesquisas eleitorais como uma das mais importantes para o eleitorado brasileiro.
A decisão de acelerar a tramitação ocorre após um episódio delicado durante a agenda de Lula na Malásia, quando o presidente afirmou que os traficantes eram vítimas dos usuários de drogas. Posteriormente, Lula se desculpou publicamente e reconheceu o erro.
No Palácio do Planalto, a avaliação é de que o projeto antifacção pode funcionar como uma espécie de vacina política, evitando que o tema seja explorado negativamente durante a campanha eleitoral. O movimento visa consolidar a imagem de firmeza do governo frente à criminalidade organizada.
O que diz o projeto
O PL Antifacção encontra-se em fase final de análise na Casa Civil e prevê mudanças significativas nas leis que regem o sistema penal brasileiro, incluindo a Lei de Execuções Penais e a Lei de Organizações Criminosas.
Entre os pontos destacados, a proposta prevê a criação de empresas jurídicas fictícias para infiltração no crime organizado, com o objetivo de coletar informações sobre o fluxo operacional das facções alvo das investigações.
Outra medida prevista é o monitoramento das conversas entre presos e advogados. Embora essa prática já seja aplicada nos cinco presídios federais do país, o projeto propõe sua ampliação para todas as penitenciárias brasileiras, sempre que houver indícios de que líderes de facções estejam repassando informações para fora das prisões.
O texto ainda propõe a criação de um banco nacional de dados de organizações criminosas, reunindo informações de todos os integrantes de facções espalhadas pelo Brasil, tanto dentro quanto fora dos presídios.
Com essas medidas, o governo pretende fortalecer o combate às facções criminosas, ampliando instrumentos legais e tecnológicos para monitoramento e investigação mais eficiente das atividades das organizações criminosas no país.













