Presidente criticou ação do filho de Bolsonaro nos EUA e defendeu independência do Supremo Tribunal Federal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou nesta terça-feira (3/6) como “prática terrorista” a atitude do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de buscar apoio dos Estados Unidos para interferir na política brasileira. A declaração foi feita durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
“Lamentável o filho do ex-presidente estar lá convocando os EUA a se meter [no Brasil]. Isso é uma prática terrorista. Uma prática antipatriótica”, afirmou Lula em tom exaltado.
“O cidadão pede licença [do mandato de deputado federal] para ficar tentando lamber as botas do [Donald] Trump e pedindo intervenção na política brasileira.”
A fala do presidente faz referência à recente visita de Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos, onde participou de encontros com parlamentares e membros do governo Donald Trump, em meio a pressões contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado tem sido alvo de críticas por suas decisões em investigações envolvendo desinformação e atos antidemocráticos no Brasil.
Durante a entrevista, Lula também saiu em defesa de Moraes, rebatendo as ameaças feitas por autoridades norte-americanas.
“É inadmissível que um presidente de qualquer país do mundo dê palpite sobre a decisão da Suprema Corte de um outro país. Se você concorda ou você não concorda, silencie. Porque não é correto você dar palpite”, disse o chefe do Executivo.
O petista ainda criticou a tentativa de influência externa sobre decisões da Justiça brasileira e destacou que já foi alvo de medidas semelhantes no passado.
“Os Estados Unidos precisam apenas compreender que respeito à integridade das instituições de outros países é muito importante”, reforçou.
A manifestação de Lula ocorre após o senador norte-americano Marco Rubio, aliado de Trump, anunciar uma nova política de restrição de vistos para autoridades estrangeiras envolvidas em censura, com base na chamada Lei Magnitsky. A medida foi interpretada como uma ameaça direta ao ministro Alexandre de Moraes.
Lula encerrou sua fala dizendo que “não cabe a nenhum país se intrometer nos assuntos internos de outro”, e que o Brasil continuará defendendo sua soberania e o funcionamento pleno de suas instituições democráticas.