A ligação de Jair Bolsonaro para o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), feita antes do depoimento do general ao Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito do golpe, pode complicar a situação do ex-presidente.
De acordo com juristas, ministros de tribunais superiores e magistrados federais, a comunicação de Bolsonaro com Mourão compromete a isenção do depoimento do senador gaúcho.
O ato de o ex-presidente ligar para uma de suas testemunhas de defesa, na tentativa de influenciar o depoimento, pode ser interpretado como obstrução de Justiça, segundo a avaliação de alguns juristas.
Na visão desses especialistas, Bolsonaro pode até mesmo ser preso, caso se comprove que houve, de fato, orientação, manipulação ou coação da testemunha por parte do ex-presidente.
A própria testemunha orientada pode enfrentar problemas legais se for comprovado que ela mentiu ao STF. Nesse cenário, ela seria acusada de perjúrio, também conhecido como falso testemunho.
A ligação de Bolsonaro para Mourão
Como revelado anteriormente, Bolsonaro ligou para Mourão na semana passada, antes do depoimento do senador no inquérito do golpe, e fez um pedido ao seu ex-vice-presidente.
Mourão contou ao Metrópoles que Bolsonaro o procurou para pedir que o senador gaúcho reforçasse em seu depoimento alguns pontos que o ex-presidente considera importantes para sua defesa.
Para advogados ligados a Bolsonaro, a atitude do ex-presidente não configuraria crime, pois, em tese, ele não teria tentado alterar o depoimento de Mourão ou ocultar provas.
Para esses juristas, Bolsonaro estaria no “pleno exercício de sua defesa” ao conversar com uma das testemunhas que ele mesmo indicou no inquérito e pedir que ela ressaltasse alguns pontos.
O depoimento de Mourão aconteceu na última sexta-feira (23). Além de Bolsonaro, ele também foi arrolado como testemunha de defesa pelos generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto, que são réus no mesmo processo.