Parlamentares iranianos estão elaborando um projeto de lei que pode resultar na saída do Irã do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), conforme informou, nesta segunda-feira (16), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmaeil Baghaei. Apesar da possível reavaliação, Baghaei destacou que a posição oficial do país segue sendo contrária à produção de armamentos nucleares.
“À luz dos acontecimentos recentes, tomaremos uma decisão apropriada. O governo deve implementar os projetos aprovados pelo parlamento, mas essa proposta está em fase de elaboração, e vamos coordenar com o parlamento nas etapas seguintes”, disse Baghaei.
O Irã ratificou o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) em 1970, garantindo, assim, o direito de desenvolver energia nuclear para fins civis, desde que abrisse mão das armas nucleares e cooperasse com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Na última quinta-feira (12/6), Israel iniciou uma série de bombardeios contra o Irã, alegando que o país estaria desenvolvendo uma bomba nuclear. Teerã, no entanto, sempre afirmou que seu programa nuclear tem objetivos pacíficos, apesar das acusações da AIEA de que o país estaria descumprindo obrigações previstas no TNP.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reafirmou nesta segunda-feira (16) que a fabricação de armas nucleares vai contra um decreto religioso emitido pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
Em discurso feito também nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, declarou: “Como já afirmei repetidamente, estamos confiantes na natureza pacífica do nosso programa nuclear, e não temos problema em demonstrar isso ao mundo, como fizemos no acordo nuclear de 2015”.
“Estamos prontos para qualquer acordo que vise garantir que o Irã não busque armas nucleares; pois esta é a nossa própria doutrina, enraizada em nossa crença na proibição e ilegitimidade das armas nucleares. No entanto, se o objetivo de um acordo é privar o Irã de seus direitos nucleares, naturalmente, não podemos aceitá-lo”, ressaltou Khamenei.
O ministro acrescentou que gostaria de dar continuidade às negociações com os EUA.
“Com base nessa mesma lógica, iniciamos negociações com os Estados Unidos, e realizamos cinco rodadas de negociações. Na sexta rodada, estávamos preparados para apresentar nossa própria proposta para um possível acordo ao lado americano”, comentou o ministro.
Segundo ele, “durante a rodada anterior, os EUA nos apresentaram uma proposta que continha elementos problemáticos e era inaceitável da nossa perspectiva. Comunicamos nossas posições e preparamos uma contraproposta para apresentar na reunião de hoje. Acreditávamos firmemente que nossa proposta poderia ter aberto caminho para a obtenção de um acordo”.
“É bastante claro que o regime israelense não deseja nenhum acordo nuclear, negociações ou diplomacia. Atacar o Irã em meio a negociações nucleares demonstra a oposição do regime israelense a qualquer forma de diálogo”, concluiu Khamenei.