O temor de ter uma relação extraconjugal revelada teria levado um homem de 31 anos a ordenar o assassinato de Marcela Valentina de Souza, mulher trans de 20 anos morta a marretadas em abril, na capital alagoana. A conclusão é da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que prendeu preventivamente tanto o mandante quanto o executor do crime.
De acordo com o delegado Eduardo Guerra, o suspeito, casado, ofereceu R$ 10 mil a um colega de trabalho para atrair Marcela a uma construção abandonada, onde ela foi emboscada. “Ele planejou tudo: marcou o encontro, indicou o local e combinou a forma de execução e ocultação do corpo”, afirmou o investigador.
Na noite do assassinato, Marcela chegou à obra acreditando que teria um encontro romântico. Lá, foi golpeada com uma marreta de demolição. Câmeras de segurança mostram o executor empurrando um carrinho de mão com o corpo coberto por uma lona até a calçada da Escola Rosalvo Lobo, na Jatiúca, ponto usado para descarte de lixo, onde abandonou a vítima.
Segundo depoimento do autor dos golpes, Marcela ainda respirava quando foi colocada no carrinho. Ele disse ter recebido R$ 5 mil adiantados, mas não recebeu o restante após as imagens serem divulgadas e o caso ganhar grande repercussão. Temendo ser descoberto, o executante rompeu contato com o mandante.
O executor, também de 31 anos, foi localizado no bairro Chã de Bebedouro na última segunda‑feira (16) durante operação conjunta da DHPP com a Operação Litorânea Integrada (Oplit). O suposto mandante já estava preso desde maio. Ambos respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A Polícia Civil deve concluir o inquérito nos próximos dias e remetê‑lo ao Ministério Público. Caso condenados, os dois podem pegar penas superiores a 30 anos de prisão. Familiares e amigos de Marcela Valentina pedem justiça e lembram que a jovem era conhecida pelo trabalho voluntário em projetos de inclusão social para pessoas LGBTQIA+.