O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a associar nesta quinta-feira (24) a imposição da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos à atuação da família Bolsonaro no país norte-americano. Segundo ele, o grupo ligado ao ex-presidente estaria interferindo nas relações diplomáticas ao buscar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e o governo brasileiro junto à Casa Branca.
Em entrevista à Rádio Itatiaia, Haddad criticou a postura dos bolsonaristas e afirmou que eles estariam atrapalhando o diálogo entre os governos. “Saiam do caminho, não impeçam a negociação”, declarou. Ele também acusou setores políticos de tentarem sabotar a economia nacional em troca de ganhos eleitorais. “As pessoas estão atentas a essa movimentação”, alertou.
A sobretaxa imposta pelo ex-presidente Donald Trump, com vigência a partir de 1º de agosto, faz parte de uma nova leva de medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos. O Brasil foi o país mais atingido nesta etapa, com a tarifa saltando para 50%. Anteriormente, em julho, Trump já havia anunciado um tarifaço de 10% sobre produtos brasileiros.
Apesar da escalada nas tensões comerciais, Haddad afirmou que o governo brasileiro está disposto a continuar negociando com os EUA. Ele disse ainda que não conversou diretamente com o novo secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, mas garantiu que as equipes técnicas seguem em contato. O último encontro bilateral ocorreu em maio, na Califórnia, quando Haddad esteve em missão oficial nos Estados Unidos.
Na ocasião, segundo o ministro, Bessent reconheceu que taxar um país com balança comercial deficitária em relação aos EUA, como é o caso do Brasil, seria uma “anomalia”.
Haddad reforçou que o Brasil seguirá na mesa de negociação. “Se a nossa contraparte não quer se sentar, é um outro problema. Mas se imperar a racionalidade, vamos fazer uma negociação entre povos irmãos”, concluiu.