O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que uma reunião virtual com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, marcada para quarta-feira (13/8), foi cancelada pelo governo norte-americano. Segundo ele, o cancelamento está ligado a ações da extrema-direita brasileira, especialmente do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem atuado para dificultar o diálogo entre os países.
O encontro buscava tratar das tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros. Haddad disse que o cancelamento foi comunicado por e-mail, alegando “falta de agenda”, o que considerou uma situação “inusitada” e que difere do tratamento dado a outros países afetados pela medida.
“O que acontece aqui é que existe uma força política interna que tenta impedir esse tipo de negociação”, afirmou o ministro, citando Eduardo Bolsonaro, que declarou publicamente que tentaria impedir contatos enquanto a pauta estivesse em discussão.
Haddad defendeu que o Congresso deve agir contra parlamentares que atuam contra interesses nacionais e ressaltou que Eduardo Bolsonaro não estaria cumprindo suas funções. “Estamos pagando o salário dessa pessoa, mas ele não está trabalhando”, declarou.
Sobre a sugestão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para que Lula ligasse a Trump, Haddad considerou a proposta “ingênua” e fora dos protocolos diplomáticos.
O ministro afirmou que os EUA têm uma postura política clara, em que o foco não é comercial, mas sim um ajuste nas relações bilaterais e mudanças estruturais nas negociações globais. Haddad destacou que o governo brasileiro busca explicar o funcionamento das instituições e a independência dos poderes, lembrando declarações controversas de Trump contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Questionado sobre os próximos passos, Haddad afirmou que o Brasil está atento e pretende agir estrategicamente para proteger seus interesses diante do novo cenário internacional.