Ministros do governo federal acreditam que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrentará obstáculos significativos para derrubar, no Senado, o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto que previa o aumento do número de deputados federais de 513 para 531.
Segundo fontes do Planalto, a decisão de Lula de vetar a proposta foi motivada por dois fatores principais: uma sinalização política ao próprio Motta, após a articulação do deputado pela derrubada do decreto presidencial sobre o IOF, e o receio quanto à repercussão negativa junto à opinião pública. Pesquisas internas do governo indicavam rejeição majoritária da população à ampliação do número de parlamentares.
O veto, portanto, também é interpretado como uma tentativa de evitar o desgaste da imagem do presidente em um momento de avaliação delicada de sua gestão.
A proposta havia sido aprovada no Senado com uma margem apertada, 41 votos favoráveis contra 33 contrários. Para que o veto seja derrubado, são necessários os votos da maioria absoluta dos membros de cada Casa legislativa: 257 deputados e 41 senadores. A votação acontece separadamente, e o veto só é revertido se ambos os quóruns forem atingidos.
Ministros próximos ao núcleo político de Lula avaliam que a dificuldade de se atingir esse número no Senado torna improvável o sucesso da articulação liderada por Motta. Caso o Senado mantenha o veto, a derrota será consumada, independentemente do resultado na Câmara.
O embate em torno da proposta se soma à crescente tensão entre o Executivo e setores do Legislativo, num momento em que o governo busca recompor sua base de apoio e evitar novas derrotas em pautas sensíveis.