O físico Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e atual presidente do CNPq, vai deixar o cargo para assumir a vaga de suplente de deputado federal na Câmara. Ele substitui Guilherme Boulos, que foi convidado para ocupar a Secretaria-Geral da Presidência da República.
Em entrevista ao g1, Galvão explicou que a decisão de assumir o mandato veio após uma conversa com Boulos e Marina Silva. “A minha ideia é usar esse tempo para apoiar as instituições ligadas à ciência no país na discussão orçamentária que acontece nessa época do ano”, afirmou.
Trajetória política e acadêmica
Galvão foi diretor do Inpe entre 2016 e 2019, quando foi demitido após um embate com o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre os dados de desmatamento na Amazônia. Na ocasião, Bolsonaro acusou o instituto de mentir sobre os números e de agir “a serviço de uma ONG”. Galvão rebateu as críticas, afirmando que o presidente não tinha qualificação para analisar os dados.
Em 2022, Galvão tentou uma vaga como deputado federal pela Rede, partido de Marina Silva, mas ficou como suplente, recebendo 40.365 votos. Com a nomeação de Boulos para o governo, a vaga ficou disponível para Galvão.
Decisão e prioridades no cargo
O presidente do CNPq revelou que inicialmente tinha dúvidas sobre deixar o conselho, pois temia que o mandato fosse muito curto. Havia rumores de que a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, deixaria o cargo após a COP30, o que reduziria ainda mais o tempo de permanência de Galvão na Câmara.
“Conversei com a ministra e com Boulos, que me garantiram que isso não deve acontecer e que eu teria a cadeira até pelo menos março do ano que vem. Com isso, decidi deixar o conselho e assumir o cargo”, explicou.
Galvão destacou que seu principal objetivo será atuar na Comissão de Ciência para garantir maior aporte orçamentário às instituições de pesquisa em 2026. “Temos várias unidades de pesquisa no país com pouco recurso, e meu objetivo no cargo é ajudar a mudar isso”, afirmou.
Sobre o futuro político, ele afirmou que ainda é cedo para falar em projetos de longo prazo. “Faço parte de uma rede de pesquisadores engajados que quer trazer debates para o Congresso Nacional. No ano passado, decidimos pela candidatura de alguns. Mas, se não houver essa decisão para a próxima eleição, não pretendo me candidatar e continuarei apoiando a pesquisa nos bastidores”, disse.
Formação e reconhecimento internacional
Ricardo Galvão é doutor em física pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e possui vasta experiência na área científica, com reconhecimento nacional e internacional. Sua trajetória como diretor do Inpe e presidente do CNPq reforça sua atuação em defesa da ciência e do monitoramento ambiental no Brasil.













