A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou, nesta terça-feira (9), uma mensagem em que promete “tomar as medidas cabíveis” contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A nota foi divulgada no mesmo dia em que a Primeira Turma do STF retomou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete aliados, acusados de participar de uma suposta trama golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na postagem, a embaixada destacou o Dia da Independência do Brasil, celebrado em 7 de setembro, como um “lembrete do compromisso de apoiar o povo brasileiro que busca preservar os valores de liberdade e justiça”. Em seguida, direcionou críticas a Moraes: “Para o ministro Alexandre de Moraes e os indivíduos cujos abusos de autoridade têm minado essas liberdades fundamentais – continuaremos a tomar as medidas cabíveis”.
A declaração reproduziu mensagem feita na véspera pelo subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado, Darren Beattie. Ele já havia criticado Moraes em julho, quando classificou o ministro como “coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro” e disse que os EUA estavam “atentos e tomando medidas”.
Julgamento no STF
Durante a sessão desta terça-feira, o relator Alexandre de Moraes dedicou mais de três horas ao voto, no qual apresentou um resumo da ação penal contra Bolsonaro. O ministro afirmou que o ex-presidente era líder de uma “organização criminosa” com a finalidade de promover um golpe de Estado e chegou a exibir um organograma que relacionava os oito réus ao suposto plano. Nenhum deles compareceu ao julgamento em Brasília.
Encontro em Washington
A escalada de tensões ocorre poucos dias após Beattie se reunir, em Washington, com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, e o blogueiro Paulo Figueiredo. Também participou do encontro Ricardo Pita, conselheiro sênior para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado norte-americano.
Segundo Figueiredo, a reunião, realizada em 4 de setembro, tratou da tramitação de um projeto no Congresso brasileiro que prevê anistia a Bolsonaro pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Eduardo Bolsonaro afirmou nas redes sociais que a articulação buscava “libertar o Congresso Nacional das garras de mafiosos togados”, em referência aos ministros do STF.