Apesar do peso político e das expectativas que cercam sua abertura, as Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMIs) são raridade no Congresso Nacional. De 2015 a 2025, apenas três foram efetivamente instaladas — e uma delas sequer conseguiu apresentar um relatório final.
É o que revela um levantamento do portal Metrópoles com base em dados do Senado Federal. O número surpreende, especialmente diante da frequência com que parlamentares falam em criar comissões para investigar grandes escândalos nacionais.
Se for adiante, a CPMI do INSS — que pretende apurar fraudes no sistema previdenciário — será apenas a quarta comissão mista de investigação criada pelo Legislativo em dez anos. E o histórico recente não anima: das três anteriores, só duas concluíram os trabalhos.
Poucas comissões, resultados limitados
A mais recente, instalada em 2023, investigou os ataques de 8 de janeiro e terminou com o indiciamento de 61 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Já a CPMI da JBS, de 2017, teve um desfecho esvaziado, com um relatório final aprovado, mas sem o impacto prometido inicialmente.
O caso mais emblemático de frustração foi a CPMI das Fake News, iniciada em 2019. Criada para investigar redes de desinformação, chegou a levantar informações relevantes sobre os bastidores das campanhas eleitorais, mas não resistiu à pandemia e ao calendário eleitoral. Sem sessões presenciais e sem consenso político, terminou sem relatório.
Expectativa x realidade
A escassez de CPMIs na última década, somada à baixa taxa de efetividade, acende um alerta sobre o uso político — e por vezes midiático — dessas comissões. Lançadas com discursos de transparência e combate à corrupção, muitas acabam engavetadas, esvaziadas ou paralisadas por disputas internas.
Com a possibilidade de uma nova CPMI se formar, resta a pergunta: será mais uma que começa com estardalhaço e termina em silêncio?